Mancini pede paz no Bota e minimiza invasão de torcedores: "Energia"
Na
véspera do jogo contra o Sport, técnico e jogadores tiveram contato
tenso com membros de organizadas no Engenhão: "Não está fácil"
Wagner Mancini quer paz. Dentro
e fora do Botafogo. Neste domingo, além de analisar o empate por 1 a 1 com o
Sport, em Volta Redonda, que deixou o time em 17º lugar, a primeira posição da
zona de rebaixamento do Brasileirão, o técnico alvinegro dedicou boa parte de
sua entrevista para comentar o episódio da invasão dos torcedores ao treino da
equipe na véspera da partida.
Um grupo de aproximadamente 20 torcedores aproveitou uma
porta aberta na ala Norte do Engenhão para entrar no estádio. O objetivo era
falar com o presidente Mauricio Assumpção e com o gerente Wilson Gottardo.
Porém, a dupla no momento estava em outro lugar do complexo em conversa com
o goleiro Jefferson. Restou aos alvinegros, então, falar, em tom de cobrança, com os
atletas.
Por pouco o encontro com os jogadores não terminou em
pancadaria. Um vídeo
feito por um dos presentes mostra que o clima esquentou, houve muita discussão
e xingamentos na sala de imprensa.
Vagner Mancini comanda o Botafogo no empate por 1 a 1 diante do Sport (Foto: Vitor Silva / SSpress)
- O que mostra o vídeo é uma confusão entre eles. O torcedor
acabou falando o que não devia, na mesma hora foi repreendido pela turma dele.
Ninguém entrou na confusão. É necessário dizer isso também. Como eles entraram no
Botafogo, não posso dizer. Lógico que não é o ideal, mas foram lá dar um voto de confiança. A forma que
entraram eu não posso dizer, mas tenho que falar a verdade. Foram lá para apoiar.
O Engenhão é muito grande. Às vezes, é incontrolável, é difícil fechar tudo.
Felizmente entraram para dar apoio, ou seria uma catástrofe - disse Mancini.
O trecho gravado e que se tornou
público, no entanto, mostra que em determinado momento o meia Carlos
Alberto foi interpelado. Ele não gostou e retrucou: "Não vem dar ideia
errada pra mim", disse o jogador, que ouviu um "você cala a
boca" de resposta. Nesse momento quase foi iniciada uma briga
generalizada. Membros da comissão técnica e seguranças do Alvinegro evitaram o
pior.
Torcedores deixam o Engenhão após a invasão ao treino do último sábado(Foto: Vicente Seda)
- Saiu uma ou outra confusão,
cada um tem uma maneira de dizer, diferente de aceitar. Houve um ou outro
atrito, mas foram para nos apoiar, dizer que estão com a comissão e com os
atletas, que vão lutar até o fim. Nós estamos precisando de ajuda, é um momento
marcante na vida de todos nós – afirmou o treinador.
Apesar do momento de tensão para ele e os jogadores, o
treinador alvinegro, que já viveu esse tipo de episódio como jogador e
treinador em outras equipes, disse que o caso mexeu com o grupo até de maneira
positiva.
- Mexe de um lado, gera um pouco de estresse, o que também é
bom. Não podemos viver essa situação numa zona de conforto, desde que saiba assimilar
e possa ter energia. A entrada dos torcedores gerou até energia. A gente não
espera todo dia e não pode aceitar. O torcedor quer que o tormento acabe, nós somos
profissionais. Não é do dia para a noite que o Botafogo vai sair dessa situação.
Chegamos a último lugar e estamos em 17º. A equipe evoluiu em termos de pontos.
Mancini pede paz
A última semana foi muito conturbada no Botafogo. Além da
situação complicada no Campeonato Brasileiro, o time foi eliminado na Copa do
Brasil pelo Santos com uma goleada de 5 a 0 no Pacaembu. Também durante a
semana, Bolívar, Edilson, Emerson Sheik e Julio Cesar, recentemente demitidos,
concederam uma entrevista coletiva e criticaram o presidente.
Jefferson foi outro a entrar em conflito com a diretoria. Por não ter se
apresentado em São Paulo para a partida contra os paulistas, depois de defender
a Seleção em amistosos, houve divergência entre o goleiro e o gerente de
futebol Wilson Gottardo.
- Eu espero que esse último
episódio tenha sido realmente o último. A gente não pode admitir que mais nada
aconteça. Tive um papo com atletas e integrantes do departamento de futebol do
Botafogo para que o dia a dia fique melhor. A gente está remendando em alguns
momentos, de repente tem que entrar em campo, tem rendimento, é cobrado. Não é
desculpa, mas não está fácil desempenhar o trabalho com o dia a dia que estamos
tendo. Peço a todos que nos ajudem, é a hora de o botafoguense enxergar que
estamos precisando de ajuda.
Com 30 pontos, o Botafogo abre a
zona de rebaixamento. O Alvinegro volta a jogar na quarta-feira, contra o
Coritiba, às 21h (de Brasília), no Couto Pereira.