Passos de Jobson: empenho, cansaço e cara amarrada na saída de campo
Atacante se esforça muito no empate por 1 a 1 com o Sport, mas não consegue conduzir o Botafogo à vitória em Volta Redonda
No céu carregado do Botafogo, Jobson foi comparado a uma estrela
em dia de chuva por Vagner Mancini. Era esse o efeito da reestreia do atacante sobre
o time que o treinador esperava. De fato a volta do camisa 10 mexeu com o grupo
e com os torcedores, trouxe empolgação, mas ainda não bastou para clarear o
ambiente alvinegro. No empate por 1 a 1 com o Sport, neste domingo, em Volta
Redonda, Jobson não passou de um jogador esforçado.
O anúncio da escalação da equipe mostrou o quanto os
botafoguenses aguardavam o reencontro. Quando o nome de Jobson apareceu no
telão, foi o mais aplaudido. Na entrada do time, o camisa 10 foi o
segundo da fila, logo atrás do capitão Jefferson. O cabelo descolorido, quase
branco, realçou ainda mais o retorno. A última vez em campo, ainda na Arábia
Saudita, havia sido em maio.
- Acabou o caô, o Jobson voltou, o Jobson voltou! - cantavam os alvinegros.
No gramado, muita transpiração. Jobson correu de um lado a
outro, não guardou posição e pediu bola. Uma, duas, três. Muitas vezes. E
reclamou outras tantas por não ser acionado. Sua melhor jogada no primeiro tempo
foi um cruzamento rasteiro pela direita, aos 32, mas ninguém alcançou na
área.
Jobson vestiu a camisa 10 do Botafogo em sua reestreia em Volta Redonda (Foto: Editoria de arte)
Para tornar tudo mais difícil, ele viu Diego Souza abrir o
placar para o Leão depois de superar a marcação de Matheus e Dankler. Se Jobson
era aplaudido, a dupla de zaga passou a ser vaiada a cada toque na bola. E a
missão do time e do atacante ficava mais difícil para o segundo tempo.
- Estou sentindo um pouco (o
cansaço). Falta ritmo de jogo, mas ainda assim estou me movimentado para pegar
forma física e jogar melhor. Nosso time tem que ter calma na frente para tabelar
e chegar. Consigo (jogar mais 45 minutos) – disse, esbaforido, na saída para o
intervalo.
Daqui ninguém me tira
Em nenhum momento Jobson se
escondeu. Ainda que faltasse tempo de bola ou precisão nos dribles – arriscou uma
pedalada -, vira e mexe tentava jogadas agudas, na direção do gol, e fazia com que
os zagueiros adversários corressem muito para pará-lo. E quase sempre o
fizeram. Em pelo menos três lances, Jobson pediu pênalti. Se jogou em dois. Um
terceiro deixou dúvidas, mas nada que fosse gritante.
Escalado para tentar dar força
ofensiva ao Botafogo, o jogador também teve de ajudar a defesa. No início do segundo
tempo, voltou até a grande área de Jefferson para desarmar o adversário. Pouco
depois, um chute de longe não levou muito perigo. Ainda bem que Wallyson
conseguiu empatar em cobrança de falta.
A previsão era de que Jobson ficasse
em campo por cerca de 70 minutos. Aos 28 do segundo tempo, o técnico Vagner
Mancini o consultou sobre sua condição física, e a resposta foi firme: “Vou
jogar até o fim”. Mas o cansaço pesou. Pouco a pouco, caminhou mais do que
correu, colocou as mãos na cintura e buscou ar para dar os últimos piques na
tentativa da virada. Não deu.
Na saída do gramado, Jobson
parecia irritado. Cabisbaixo, não falou com os jornalistas. Passou pelas
câmeras e microfones em silêncio e com expressão fechada. Talvez pelo
resultado, talvez pelo desempenho individual. Mas Mancini gostou.
- Fiquei muito satisfeito com a atuação do Jobson, não em
termos técnicos, mas pela disposição, vontade de jogar. Chamei aos 28 do
segundo tempo, ele pediu para ficar em campo. Esse tipo de disposição, de
argumento, é o que estamos precisando – afirmou o treinador.
Jobson
voltou a jogar num cenário complexo do Botafogo. Time na zona de rebaixamento,
crise profunda e desgaste por todos os lados. Além de ser estrela em dia de
chuva, terá de tentar fazer chover..