Elza vê fotos inéditas de Garrincha e se emociona: "Saudade machuca"
Pesquisador leva imagens do
craque, que faria 81 anos no dia 26, para a cantora, que viveu com o
ex-jogador por 15 anos: "Mané era dócil, era meigo"
Garrincha abre a porta e o sorriso. Uma surpresa. Um bolo e alguns poucos amigos para comemorar os 32 anos de vida. O fato está registrado em fotos inéditas até o mês passado, que tiram lágrimas de quem foi a responsável pelo momento, a cantora Elza Soares.
As fotos foram tiradas em 1965 por um fotógrafo do jornal francês "L’Équipe". O microfilme foi encontrado há menos de um mês no arquivo do jornal e está agora com o pesquisador Dominique Beaucant, um apaixonado pela história de Garrincha e colecionador de tudo o que encontra sobre o ídolo. Ele levou as imagens até Elza e fez a cantora fazer uma viagem emocionante ao tempo em que viveu ao lado do eterno camisa 7, que completaria 81 anos no próximo dia 26 (assista ao vídeo).
- Tenho pavor da palavra saudade. Porque a palavra saudade vem para te
machucar - afirma a cantora, para depois falar da imagem: "Todo ano eu
fazia uma festa pra ele. Eu não colocava data de aniversário. Era sempre
o número 1. Para mim ele nunca teve idade".
Elza Soares se emociona ao ver fotos e relembrar
grande amor (Foto: Reprodução/ SporTV)
Na comemoração do aniversário, amigos e alguns jogadores de futebol.
Numa das fotos, Garrincha recebe os parabéns de Ademir Menezes, o
"Queixada", atacante da seleção brasileira na Copa de 50. Em outra, o
abraço carinhoso de Elza Soares.
- Mané era dócil, Mané era meigo - conta a cantora.
O pesquisador francês faz coro com as palavras de Elza:
- Mané era provavelmente umas das poucas pessoas que você podia dar
toda a confiança. Ele nunca iria trair você. Para mim, é isso que faz a
grandeza de Garrincha.
O romance entre Garrincha e Elza Soares começou em 1962. Os dois
estavam no auge de suas carreiras. Ele, destaque do Brasil na conquista
do bicampeonato mundial no Chile, encantava pelos dribles. Ela, pela voz
inconfundível.
- Tudo que eu cantava para ele, ele achava lindo. E eu cantava muito
para ele: "Ah Ioiô, eu não nasci pra sofrer... Foi olhar para você meus
olhinhos fechou”.
Imagens vistas por Elza Soares eram inéditas, feitas por fotógrafo francês (Foto: Reprodução/ SporTV)
Em outra imagem, um Garrincha sorridente não deixava transparecer a dor
pelo fim de um longo casamento. Depois de 12 anos, ele e o Botafogo não
estavam mais juntos. O último ano no time carioca foi marcado pelas
dores no joelho e por problemas financeiros.
- Chegava em casa eu falava: "E aí neném, recebeu?". “Não”. "Quando vai
receber?". “Não sei”. Para ele estava tudo bem. Tinha passarinho, tinha
gaiola.
Por falar em pássaros, eles eram uma grande paixão do craque. Tanto que
Manoel dos Santos ficou conhecido pelo nome de um: Garrincha.
- Falava muito mais de passarinho. O que ele queria na vida dele eram os pássaros - diz Elza.
Garrincha aos 32 anos, na festa preparada por
Elza Soares (Foto: Reprodução/ SporTV)
Em campo, Garrincha voava e escapava das armadilhas dos zagueiros. Mas
fora de campo ele perdia as asas quando enfrentava um outro adversário.
- O momento mais doído era quando eu o via embriagado. Eu não sabia o
que fazer. Ele dizia: "Minha criola eu te amo muito, mas tem uma coisa
mais forte do que eu...".
Elza e Garrincha ficaram juntos durante 15 anos, até 1977. Em 1983,
Garrincha fale
ceu aos 49 anos, vítima de cirrose hepática, causada pelo alcoolismo. Em meio às lembranças, Elza tenta imaginar como seria Garrincha hoje, aos 81 anos.
ceu aos 49 anos, vítima de cirrose hepática, causada pelo alcoolismo. Em meio às lembranças, Elza tenta imaginar como seria Garrincha hoje, aos 81 anos.
- Acho que ele estaria tranquilinho, talvez não bebesse mais, talvez
estivesse cuidando dos colegas dele dentro do Botafogo. Ele seria aquele
índio dentro do mato né. Aquele cara de bermuda, sem camisa.
Dominique Beaucant mostra imagens à cantora Elza Soares (Foto: Reprodução/ SporTV)