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Bota cogita convocar chapas para orçamento e dará espaço a propostas

Presidente quer todos os grupos envolvidos na eleição participando da previsão de gastos e receitas para 2015. Clube publicará propostas de campanhas em site oficial

Por Rio de Janeiro
Mauricio Assumpção Botafogo (Foto: Vitor Silva / SSPress)Em meio à crise, Mauricio Assumpção tenta conciliação antes da eleição (Foto: Vitor Silva / SSPress)

Pouco mais de um mês antes da data marcada para a sua eleição presidencial (25 de novembro), o Botafogo vive dias de turbulência no campo e fora dele. Acuado com a ameaça de rebaixamento e críticas à sua gestão especialmente em 2014, Maurício Assumpção deverá partir em breve para medidas conciliadoras às vésperas do pleito.



O clube cederá espaço em seu site oficial para que todas as chapas homologadas exponham suas propostas. O atual mandatário alvinegro também já conversou com o presidente do Conselho Deliberativo, José Luiz Rolim, sobre a possibilidade de convocar representantes de cada corrente para formular o orçamento de 2015.



A ideia da atual diretoria é que cada chapa aponte um representante ligado ao futebol para participar exclusivamente da proposta orçamentária para o departamento, e outro que seja especializado em finanças. O orçamento para este ano causou polêmica. Foram calculados R$ 16,5 milhões em prêmios da Libertadores, sendo R$ 7,8 milhões no mês da fase final da competição, mesmo antes de o Botafogo assegurar sua participação na competição. O clube não passou da primeira fase.



Em dezembro de 2013, o documento mostrava superávit de R$ 3,7 milhões no exercício, mas, acrescentadas as dívidas, o buraco de R$ 69 milhões mostrado no fluxo de caixa acabou se confirmando. Situação crítica que acabou agravada pela penhora de 100% das receitas do clube por conta de pendências fiscais e trabalhistas. A perspectiva é ainda mais sombria se observado o atraso salarial que se arrasta por meses e transforma em drama a vida dos funcionários, principalmente os de menor remuneração.



Para colocar mais lenha na fogueira, Assumpção ainda rescindiu o contrato com quatro jogadores da equipe mesmo com a ameaça de degola: Emerson Sheik, Bolívar, Edílson e Julio Cesar. A medida não foi bem digerida dentro do clube. Nesta semana, mais uma polêmica, desta vez envolvendo o goleiro Jefferson. Novamente, a postura do clube acarretou críticas nos bastidores.



O técnico Vagner Mancini e o diretor técnico Wilson Gottardo criticaram abertamente o goleiro por não se apresentar para a partida contra o Santos, pela Copa do Brasil, após servir à seleção brasileira. O ex-presidente Carlos Augusto Montenegro e o goleiro campeão brasileiro em 1995, Wagner, defenderam abertamente o atleta nesta sexta-feira.


Diante do caos, surgiu um temor de que Assumpção pudesse assinar novos contratos para permitir uma antecipação de receitas para fechar o ano, ou rescindir acordos existentes. Por isso, a comissão de crise nomeada pelo Conselho Deliberativo com membros das quatro correntes que deverão disputar o pleito em novembro decidiu por pedir ao presidente do poder, José Luiz Rolim, que também preside a junta eleitoral, para convocar uma sessão extraordinária. Em pauta, uma possível limitação dos poderes de Assumpção, que ficaria sujeito ao aval do grupo para assinar ou rescindir contratos, incluindo de jogadores.

 A comissão de crise, contudo, recuou. A falta de consenso sobre a homologação de chapas na última reunião da junta eleitoral, na quarta-feira, rachou, ao que parece, também o consenso da comissão quanto a submeter a Rolim o pedido de convocação da sessão extraordinária.


Carlos Eduardo Pereira, membro da comissão e candidato à presidência, informou que havia problemas de membros inadimplentes em três chapas, além de membro sem o devido tempo como sócio em outra. Ele não compareceu à reunião da junta presidida por Rolim na quarta-feira, mas avisou que não aceitaria acordo sobre o tema e chegou a falar em atraso do processo eleitoral.


As outras três chapas, segundo o candidato Thiago Alvim, que lançou sua candidatura nesta sexta, em clube na Zona Sul do Rio, teriam concordado em prosseguir. Alvim afirmou que há erros na inscrição de membros das quatro chapas que pretendem disputar o pleito e respondeu a Pereira, afirmando que o seu grupo "gosta de brigar".


- Quem vive a política do Botafogo, sabe que o grupo do Carlos Eduardo gosta de brigar. As quatro chapas tiveram problemas na inscrição e o grupo dele está querendo colocar uma hierarquia entre os erros. Erro é erro, todos estão errados, mas quer achar que o erro dele é menos importante que o do outro e por isso merece ser perdoado, e o outro não. Isso não existe.  O Vinícius Assumpção aceitou, o Marcelo Guimarães aceitou, ele não estava presente e seus representantes disseram que precisariam consultá-lo antes de responder. Estou sabendo através de você que ele demonstrou descontentamento.


Consultado sobre as medidas que a diretoria pretende tomar, Montenegro enxergou simpatia no gesto, mas pouca eficácia. Considera que é tarde demais:


- Isso (convocação de representantes das chapas para fazer o orçamento de 2015) e várias outras coisas poderiam ter sido importantes. Ele poderia ter chamado dois representantes de cada chapa antes de afastar quatro jogadores. Isso aí pode ser o nosso futuro, a nossa receita do ano que vem. Na minha opinião ele foi muito irresponsável nessa atitude.


Limitar os poderes eu sou contra. Ele foi eleito democraticamente, tem de cumprir o mandato até o final com os poderes que foram constituídos a ele. Mas terá de arcar com as consequências no futuro, com as decisões dele, com uma possível, tomara que não, queda para a Segunda Divisão, contratos feitos, orçamento... Vai ter de arcar.