Árbitros são vítimas e tecnologia é necessária, dizem comentaristas
Analistas não creem que juízes e bandeiras erraram mais em 2012 e que reclamações são modo de não comentar problemas internos dos times
Árbitro Devarly Lira do Rosário deixa o campo com
proteção policial (Foto: Cedoc/A Gazeta)
proteção policial (Foto: Cedoc/A Gazeta)
- As reclamações aumentaram porque os treinadores e dirigentes perceberam que é mais fácil culpar a arbitragem por seu desempenho fraco que resolver os verdadeiros problemas. Não há juiz ruim que atrapalhe o campeonato de um time bom. Uma grande equipe, se ele for roubada duas vezes em um jogo, ele ainda vai fazer três gols e vai ganhar mesmo assim - afirmou o jornalista Sidney Garambone, da TV Globo.
O editor do jornal "O Globo" Toninho Nascimento cita o técnico do Atlético-MG, Cuca, como exemplo. O treinador já encerrou uma entrevista coletiva irritado com a arbitragem. Lembrando o empate por 1 a 1 com o Flamengo, no dia 31 de outubro, o jornalista afirmou que o Galo teve chance de vencer a partida, já que contou com um jogador a mais desde o primeiro tempo.
- O Cuca, como já fazia na época do Botafogo, usa a arbitragem para não justificar os problemas do Atlético-MG. Enquanto ele reclama de pênalti no Ronaldinho Gaúcho, não diz que o Galo teve um jogador a mais por 50 minutos e não conseguiu vencer o Flamengo. A arbitragem precisa melhorar, mas está servindo de bode expiatório.
Cuca reclama, na derrota do Galo para o Corinthians por 1 a 0 (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
- No jogo Chelsea entre Manchester United (vitória dos vermelhos por 3 a 2, em 28 de outubro), o melhor juiz da Inglaterra cometeu dois erros absurdos. No último gol, Hernández sai de dentro do gol e marca, completamente impedido.
Tecnologia precisa ser usada
Com cada vez mais câmeras em campo, a diferença entre as decisões do
árbitro e as imagens da televisão estão aumentando também. O
comentarista Telmo Zanini cita como exemplo dois lances polêmicos entre
as seleções de Inglaterra e Alemanha. Em 1966, há poucos ângulos
disponíveis e a dúvida se o chute de Hurst, do English Team, entrou ou
não. Em 2010, ficou claro que o chute de Lampard entrou e que o árbitro
uruguaio Jorge Larrionda errou.
- Existem cada vez mais câmeras nos jogos, que mostram tudo. Coisa que,
há 20 anos, não mostrava. Não tem mais cabimento não usar imagens de
televisão. Precisa ter um árbitro sentado, vendo, avisando pro árbitro
que a bola entrou, não entrou, que foi pênalti.
Para Sidney Garambone, o uso da tecnologia beneficiará os próprios árbitros.
- Eles são amadores, não podem se preparar direito e ainda enfrentam um
problema contemporâneo, que é a questão da tecnologia. Eu sou a favor
do uso de tecnologia no futebol até por uma questão de humanidade. O que
se faz com os árbitros hoje é um linchamento covarde.
O correspondente da BBC na América do Sul, Tim Vickery, discorda que o uso das imagens de televisão diminuirá as polêmicas.
- As pessoas veem a tecnologia com muita utopia. As regras do futebol
são uma questão de interpretação. Além disso, não dá para interromper um
jogo toda hora. O único lugar onde a tecnologia é cabível é depois de
um gol. Fora isso, eu não vejo como encaixar. Não se pode comparar o
futebol com futebol americano, tênis ou rúgbi. São esportes que param
toda hora. e fica muito mais fácil encaixar a tecnologia.
Lance polêmico entre Santos e Grêmio, em 8 de julho. Bola entrou? (Foto: Reprodução SporTV)