Mancini reclama de vacilos na defesa, mas não desiste: "Nada está perdido"
Técnico
fala em "grande oportunidade perdida" em derrota para o Santos e admite
desejo de "dar o troco" por críticas ao colocar Zeballos em campo
A forma como o Botafogo permitiu que o Santos marcasse os gols incomodou o técnico Vagner Mancini. Após a derrota por 3 a 2 desta quarta-feira à noite, no Maracanã, o treinador criticou a postura do time no primeiro tempo, reclamando da liberdade concedida aos atacantes santistas. Para conseguir a vaga às semifinais da Copa do Brasil, o Alvinegro carioca terá de vencer por dois gols de diferença na Vila Belmiro ou um, a partir de 4 a 3.
Apesar
de não ter deixado de lado a fala serena, que norteia suas análises,
Mancini usou termos fortes ao comentar certos momentos do jogo.
Principalmente quando ao falar sobre a forma como o Botafogo sofreu os
gols e ao comentar os coros de "burro" da torcida no momento em que
escolheu Zeballos para substituir Emerson, machucado. O treinador também
lamentou a falta de sorte do Alvinegro, principalmente na sequência de
desfalques, que deve ganhar nova sequência depois que Jefferson, Sheik e
Airton precisaram sair por conta de problemas físicos.
Vagner Mancini orienta o time do Botafogo na noite desta quarta-feira (Foto: Vitor Silva / SSPress)
- O Botafogo deixou escapar uma grande oportunidade. Até
entregarmos os três gols, o Santos não tinha articulado nada ofensivamente. Nós
tínhamos o domínio do jogo. Mas enfim, a partir do momento que levamos o
primeiro gol, na sequência empatamos, mas depois levamos o segundo gol e o
terceiro. Foram três gols do Santos em jogadas que davam a impressão de ser
contra um time sub-17, tal a facilidade. No segundo tempo o Botafogo foi outro
time, com garra e teve a oportunidade de empatar. Mas o time sai com
desvantagem perigosa a vai precisar fazer o mesmo contra o Ceará, mas nem
sempre consegue. Mas claro que nada está perdido, principalmente em se tratando
de Copa do Brasil - disse o técnico.
Confira abaixo outros trechos da entrevista coletiva de Vagner Mancini:
Falhas defensivas
- Se analisarmos a dupla de zaga, ele é experiente. Junior
Cesar também. Mas o lance do primeiro gol foi bisonho. O Gabriel dominou a bola
no sentido oposto do que deveria. No segundo, o Dankler dividiu a bola com
alguém, ela espirrou e foi para a frente. No terceiro, o Geuvânio veio desde a
intermediária ameaçando o chute. Por isso não jogaria a culpa nos zagueiros,
mas em todo o sistema defensivo. Um time como o Botafogo não pode levar gols
com essa inocência. Antes da partida eu alertei que deveríamos mostrar uma
virilidade, porque sabia que o juiz deixaria o jogo correr. Se jogasse a
partida inteira como foi o segundo tempo, o Botafogo não sairia daqui
derrotado.
Desfalques em sequência
- Estamos enfrentando isso, não é novidade. Nos jogos
anteriores tivemos que mexer em seis posições. Jefferson, Emerson e Airton
fazem falta. O Airton, por exemplo, não voltaria para o segundo tempo porque
sentiu o adutor, mas eu pedi que ele ficasse mais um pouco e depois ele não
aguentou. Mesmo assim, acho que não deve inspirar cuidados. O Emerson é uma
coisa que já leva tempo, é crônico, tem essa dor na sola do pé. Nesse momento é
preciso ter calma e entender que outros atletas podem entrar e dar conta do
recado.
Virada como a diante do Ceará
- Antes da partida, o que mais alertamos foi para a
dificuldade que tivemos para reverter o resultado contra o Ceará. Todo mundo
tinha consciência disso. Infelizmente não dá para pegar um aparelho de choque e
dar em cada um na saída para o campo. Esse resultado faz com que se menospreze,
entre aspas, o que fizemos em Fortaleza, um jogo de que todo o Brasil falou. Agora
estamos na mesma situação. Que fique mais um alerta.
Coisas que só acontecem ao Botafogo?
- Pelo que já vivi nesses seis meses de Botafogo, sim. A gente
passa muita coisa, algumas coisas são exteriorizadas mas muitas coisas não são.
O futebol tem muitos capítulos que não são lidos e falados, mas que normalmente
acontecem. Agora aconteceu no momento em que mais precisávamos desses atletas.
Já tivemos vários problemas, um em cima do outro, mas devemos passar por cima
dos obstáculos e elaborar novas fórmulas sem o material necessário. Isso faz
com que essa frase tenha um efeito diferente. Nós lutamos para que as coisas
aconteçam, mas temos que reconhecer que muitas vezes o acaso joga contra.
Emerson Sheik
- Temos que sentar com o Aníbal (gerente de futebol), avaliar
o tempo em que ele vai ficar parado, pois já não poderá jogar contra o Corinthians
por contrato. Agora devemos botar as ideias no lugar, ver com calma o que está
acontecendo para ver o que for melhor.
Vaias da torcida a Zeballos e coro de burro ao treinador
- O Sheik é extremamente útil, dentro e fora de campo. É um
atacante diferenciado. Em relação à entrada do Zeballos, gostaria de saber quem
o torcedor botaria no lugar do Emerson. O Ferreyra está hospitalizado (por
causa de um problema gástrico), então gostaria de saber que tipo de avaliação
deve ser feita. Às vezes não consigo entender. Compreendo que é uma
manifestação do que incomoda o torcedor e sei que é muito mais em função do
resultado. O Zeballos fez o segundo gol e eu torcia para ele fazer o terceiro,
porque a gente quer dar o troco de maneira educada. Mas o Zeballos ainda está
em fase de adaptação ao futebol brasileiro. Eu peço sempre a ele uma entrega
maior na marcação, mas é um jogador inteligente, que entra na área e sabe fazer
gols. Alguns atletas são mais endeusados do que outros, e a gente não entende
por que alguns têm tanta moral. Mas não posso escalar o time que a torcida
quer. Vou escalar o time que o Mancini quer.
Oscilação da equipe
- Em alguns momentos o time mostra uma fragilidade grande, e
isso no Brasileiro é pesado. Não se sabe pontuar quando essa fragilidade é
mostrada e quando o adversário consegue saber isso, e aí ele te machuca. Na
maior parte dos jogos o Botafogo vai bem, mas acaba entregando, como foi contra
o Santos. Esse desequilíbrio é a maior cabeça de todos nós. Os jogadores também
não conseguem chegar a uma explicação. Não é falta de treino ou conversa. A
equipe precisa passar um pouco mais de confiança para todos nós. As oscilações têm
nos custado muito caro e nos fazer perder jogos que poderíamos vencer. Isso é o
pior.
Jogo contra o Vitória, adversário direto contra o
rebaixamento
- Podemos fazer mudanças de peças que não estão rendendo o
esperado por desgaste físico ou emocional. Algumas peças não estão encaixando
com outras. Ou então criamos uma força interior muito grande para desenvolver o
jogo como se deve. O atleta de alto nível deve absorver a derrota rapidamente e
se sair bem no jogo seguinte.