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Mancini reclama de vacilos na defesa, mas não desiste: "Nada está perdido"

Técnico fala em "grande oportunidade perdida" em derrota para o Santos e admite desejo de "dar o troco" por críticas ao colocar Zeballos em campo

Por Rio de Janeiro

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http://globotv.globo.com/sportv/futebol-nacional/v/melhores-momentos-botafogo-2-x-3-santos-pelas-quartas-de-final-da-copa-do-brasil-2014/3667566/


A forma como o Botafogo permitiu que o Santos marcasse os gols incomodou o técnico Vagner Mancini. Após a derrota por 3 a 2 desta quarta-feira à noite, no Maracanã, o treinador criticou a postura do time no primeiro tempo, reclamando da liberdade concedida aos atacantes santistas. Para conseguir a vaga às semifinais da Copa do Brasil, o Alvinegro carioca terá de vencer por dois gols de diferença na Vila Belmiro ou um, a partir de 4 a 3.

Apesar de não ter deixado de lado a fala serena, que norteia suas análises, Mancini usou termos fortes ao comentar certos momentos do jogo. Principalmente quando ao falar sobre a forma como o Botafogo sofreu os gols e ao comentar os coros de "burro" da torcida no momento em que escolheu Zeballos para substituir Emerson, machucado. O treinador também lamentou a falta de sorte do Alvinegro, principalmente na sequência de desfalques, que deve ganhar nova sequência depois que Jefferson, Sheik e Airton precisaram sair por conta de problemas físicos.

Vagner Mancini Botafogo (Foto: Vitor Silva / SSPress)

Vagner Mancini orienta o time do Botafogo na noite desta quarta-feira (Foto: Vitor Silva / SSPress)

- O Botafogo deixou escapar uma grande oportunidade. Até entregarmos os três gols, o Santos não tinha articulado nada ofensivamente. Nós tínhamos o domínio do jogo. Mas enfim, a partir do momento que levamos o primeiro gol, na sequência empatamos, mas depois levamos o segundo gol e o terceiro. Foram três gols do Santos em jogadas que davam a impressão de ser contra um time sub-17, tal a facilidade. No segundo tempo o Botafogo foi outro time, com garra e teve a oportunidade de empatar. Mas o time sai com desvantagem perigosa a vai precisar fazer o mesmo contra o Ceará, mas nem sempre consegue. Mas claro que nada está perdido, principalmente em se tratando de Copa do Brasil - disse o técnico.

Confira abaixo outros trechos da entrevista coletiva de Vagner Mancini:
Falhas defensivas
- Se analisarmos a dupla de zaga, ele é experiente. Junior Cesar também. Mas o lance do primeiro gol foi bisonho. O Gabriel dominou a bola no sentido oposto do que deveria. No segundo, o Dankler dividiu a bola com alguém, ela espirrou e foi para a frente. No terceiro, o Geuvânio veio desde a intermediária ameaçando o chute. Por isso não jogaria a culpa nos zagueiros, mas em todo o sistema defensivo. Um time como o Botafogo não pode levar gols com essa inocência. Antes da partida eu alertei que deveríamos mostrar uma virilidade, porque sabia que o juiz deixaria o jogo correr. Se jogasse a partida inteira como foi o segundo tempo, o Botafogo não sairia daqui derrotado.

Desfalques em sequência
- Estamos enfrentando isso, não é novidade. Nos jogos anteriores tivemos que mexer em seis posições. Jefferson, Emerson e Airton fazem falta. O Airton, por exemplo, não voltaria para o segundo tempo porque sentiu o adutor, mas eu pedi que ele ficasse mais um pouco e depois ele não aguentou. Mesmo assim, acho que não deve inspirar cuidados. O Emerson é uma coisa que já leva tempo, é crônico, tem essa dor na sola do pé. Nesse momento é preciso ter calma e entender que outros atletas podem entrar e dar conta do recado.

Virada como a diante do Ceará
- Antes da partida, o que mais alertamos foi para a dificuldade que tivemos para reverter o resultado contra o Ceará. Todo mundo tinha consciência disso. Infelizmente não dá para pegar um aparelho de choque e dar em cada um na saída para o campo. Esse resultado faz com que se menospreze, entre aspas, o que fizemos em Fortaleza, um jogo de que todo o Brasil falou. Agora estamos na mesma situação. Que fique mais um alerta.

Coisas que só acontecem ao Botafogo?
- Pelo que já vivi nesses seis meses de Botafogo, sim. A gente passa muita coisa, algumas coisas são exteriorizadas mas muitas coisas não são. O futebol tem muitos capítulos que não são lidos e falados, mas que normalmente acontecem. Agora aconteceu no momento em que mais precisávamos desses atletas. Já tivemos vários problemas, um em cima do outro, mas devemos passar por cima dos obstáculos e elaborar novas fórmulas sem o material necessário. Isso faz com que essa frase tenha um efeito diferente. Nós lutamos para que as coisas aconteçam, mas temos que reconhecer que muitas vezes o acaso joga contra.

Emerson Sheik
- Temos que sentar com o Aníbal (gerente de futebol), avaliar o tempo em que ele vai ficar parado, pois já não poderá jogar contra o Corinthians por contrato. Agora devemos botar as ideias no lugar, ver com calma o que está acontecendo para ver o que for melhor.

Vaias da torcida a Zeballos e coro de burro ao treinador
- O Sheik é extremamente útil, dentro e fora de campo. É um atacante diferenciado. Em relação à entrada do Zeballos, gostaria de saber quem o torcedor botaria no lugar do Emerson. O Ferreyra está hospitalizado (por causa de um problema gástrico), então gostaria de saber que tipo de avaliação deve ser feita. Às vezes não consigo entender. Compreendo que é uma manifestação do que incomoda o torcedor e sei que é muito mais em função do resultado. O Zeballos fez o segundo gol e eu torcia para ele fazer o terceiro, porque a gente quer dar o troco de maneira educada. Mas o Zeballos ainda está em fase de adaptação ao futebol brasileiro. Eu peço sempre a ele uma entrega maior na marcação, mas é um jogador inteligente, que entra na área e sabe fazer gols. Alguns atletas são mais endeusados do que outros, e a gente não entende por que alguns têm tanta moral. Mas não posso escalar o time que a torcida quer. Vou escalar o time que o Mancini quer.

Oscilação da equipe
- Em alguns momentos o time mostra uma fragilidade grande, e isso no Brasileiro é pesado. Não se sabe pontuar quando essa fragilidade é mostrada e quando o adversário consegue saber isso, e aí ele te machuca. Na maior parte dos jogos o Botafogo vai bem, mas acaba entregando, como foi contra o Santos. Esse desequilíbrio é a maior cabeça de todos nós. Os jogadores também não conseguem chegar a uma explicação. Não é falta de treino ou conversa. A equipe precisa passar um pouco mais de confiança para todos nós. As oscilações têm nos custado muito caro e nos fazer perder jogos que poderíamos vencer. Isso é o pior.

Jogo contra o Vitória, adversário direto contra o rebaixamento
- Podemos fazer mudanças de peças que não estão rendendo o esperado por desgaste físico ou emocional. Algumas peças não estão encaixando com outras. Ou então criamos uma força interior muito grande para desenvolver o jogo como se deve. O atleta de alto nível deve absorver a derrota rapidamente e se sair bem no jogo seguinte.