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Gottardo diz que salário atrasado não pode diminuir o empenho dos atletas

Diretor do Botafogo diz que os jogadores têm a obrigação de seguirem com motivação e afirma que não se sente constrangido por cobrar o elenco

Por Rio de Janeiro


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Os atrasos de salário são recorrentes para os jogadores do Botafogo, que convivem contra esse problema durante toda a temporada. Para Wilson Gottardo, diretor de futebol do clube, porém, essa situação não pode servir de muleta para que o elenco trabalhe com menos motivação no dia a dia. Foi o que ele disse no "Arena SporTV":

- O jogador tem total razão de reivindicar seus direitos, de cobrar salários atrasados e de lutar pelo o que é justo. E o clube tem obrigação de honrar os seus compromissos. Ok. Mas após isso não acontecer o que nós faríamos, então? Vamos deixar de trabalhar? Vamos fazer greve, deixar de treinar, de viajar, de ter uma boa alimentação e uma vida regrada? É isso que resolve a situação ou é trabalho? Para mim não muda nada, independente da situação econômica do clube.

- Eles têm o direito de reivindicar, mas também a obrigação de seguir seu trabalho e a sua luta. A partir do momento que não há esse empenho e essa dedicação, falamos de mais de 60 pessoas, se não há controle emocional é melhor que a pessoa saia, se não consgeue produzir que pegue uma licença e se retire do clube. Produtividade através do controle emocional, acontece. Salário atrasado é um problema, deixar de trabalhar é o segundo problema. Ser rebaixado é o terceiro dos problemas. Então só vai agravar, tem de encontrar um consenso para o melhor do grupo, para todos jogarem bem e serem produtivos – opinou.

Ex-jogador do próprio Botafogo, onde foi bicampeão carioca e conquistou o Campeonato Brasileiro de 1995, Gottardo diz que viveu muitas vezes na carreira com atraso salarial. E que isso não lhe dava o direito de organizar greves ou fazer corpo mole nos treinos.

- Cada um tem uma capacidade de absorver. Sei o que é dificuldade, o que é ficar sem ter receita, o que é trabalhar sem salário em dia, mas nunca deixei minhas obrigações. Não cobro isso, esse era eu, um jogador motivado, não um jogador animado. O motivado vai além do dia a dia – explica.

O dirigente, porém, negou que Emerson Sheik, Bolívar, Edilson e Júlio Cesar tenham sido dispensados do clube por falta de empenho nos treinos e jogos.

- Eles treinavam, o presidente foi claro nos motivos, foi uma avaliação técnica do presidente, nem foi por ato de indisciplina. É que esse é meu perfil, quem faz greve deixa de treinar, cai seu rendimento técnico. Joga contra um Palmeiras e Corinthians e como vai produzir se ficou desfocado? A probabilidade de derrota é imensa. Não concordo, há outros meios. Há um movimento externo de botafoguenses ilustres que tem ajudado, que já demonstrou esse carinho com eles. Está sendo trabalhado, mas o desgaste é de todo mundo afirma.


Questionado, por fim, se ele não se sente constrangido por ter de cobrar empenho de jogadores que não recebem os seus vencimentos, ele negou:

- Não me sinto constrangido, até porque a cobrança que faço é um diálogo, sou muito transparente nas colocações. Tudo o que falei com eles, mesmo sem ter certeza, dizia que ia tentar essa solução. Só prometo o que posso cumprir. Sou transparente. Não podem dizer sequer um centímetro do que eu falo. Sou muito transparente e profissional. A honestidade tem que ser a mesma em qualquer época da vida - declarou.

Vice-lanterna do Brasileirão com 26 pontos, o Botafogo recebe o Palmeiras nesta quarta-feira, às 19h30, no Maracanã. Restam 12 rodadas para o término da competição.
Vagner Mancini treino Botafogo (Foto: Satiro Sodré)

Vagner Mancini durante treinamento do Botafogo (Foto: Satiro Sodré)