Crise do Botafogo tem brigas, lavagem de roupa suja e muita conversa
Bernardo Gentile
Do UOL, no Rio de Janeiro
Do UOL, no Rio de Janeiro
A crise do Botafogo chegou ao ápice na última quarta-feira, quando o
time foi derrotado pelo Palmeiras em pleno Maracanã e caiu para a última
posição do Campeonato Brasileiro. Enquanto o torcedor se dirigia para
casa, o técnico Vagner Mancini dava explicações e garantia sua
permanência no clube até o fim do ano. Entretanto, os últimos dias foram
agitados em General Severiano, com direito a brigas, lavagem de roupa
suja e muita conversa para evitar um cenário ainda pior.
Tudo
começou antes mesmo de Sheik, Bolívar, Edílson e Julio Cesar serem
demitidos pelo presidente Maurício Assumpção. O clima no Botafogo está
muito carregado por causa dos salários atrasados, que desencadearam uma
sequência de problemas. No início do ano, os jogadores perceberam que
tinham força perante a diretoria e se encheram de coragem para fazer
cobranças – até mesmo com direito a greve.
Por muito tempo,
jogadores e diretoria mantinham uma relação de respeito, já que havia
uma clara entrega dentro dos gramados. Mas a situação mudou com a
chegada de Wilson Gottardo como diretor de futebol. Ao contrário do seu
antecessor, Sidinei Loureiro, o dirigente é totalmente contra greve.
A postura de Gottardo foi de encontro com a liderança de alguns atletas
e culminou com uma briga com o lateral direito Edílson. O jogador havia
lesionado o púbis, mas demorou mais do que esperado para voltar aos
gramados. Cobrado pelo dirigente, ele iniciou uma áspera discussão.
Segundo apuração do UOL Esporte, o atleta disse que não podia ser
cobrado já que não recebia em dia e que até o próprio remédio ele teve
que pagar.
A briga foi contida por outros funcionários, mas foi
decisiva para Edílson integrar a barca que deixou General Severiano.
Além disso, Gottardo também teve que ter uma conversa franca com o
técnico Vagner Mancini, que chamou o dirigente para esclarecer um boato.
Isso porque ele ouviu nos corredores que o cartola era à favor da sua
demissão. Segundo o treinador, a situação foi esclarecida e resolvida
rapidamente entre ambos.
"Conheço o Gottardo de muito tempo.
Jogamos juntos quando éramos atletas e tenho liberdade com ele. Sentamos
e conversamos sobre essa situação e tudo foi resolvido. Se existem
outras pessoas que querem me tirar, não vão ter força para isso. Até
porque tenho o respaldo do próprio presidente. Falaram que entreguei o
cargo, mas foi um equívoco, pois ele me disse que faria uma reformulação
e pensei que fazia parte disso tudo. O Maurício me tranquilizou e disse
que era ao contrário e que fico até o fim do ano", disse o treinador do
Botafogo.
O caso entre Mancini e Gottardo serve agora de
exemplo. Segundo o treinador, tudo deve ser amplamente conversado entre
todas as partes para que não haja nenhum mal entendido. Até pelo momento
atravessado pelo Botafogo, qualquer situação se potencializa e parece
ser maior do que de fato é.
"Sou o treinador da equipe, mas
muitas vezes preciso fazer funções que não caberiam a mim. Temos que
conversar com os jogadores, diretoria para tentarmos resolver os
problemas que surgem da melhor maneira possível", afirma Mancini.
É com este quadro que o Botafogo tentará se recuperar no Campeonato
Brasileiro para escapar do iminente rebaixamento. Com apenas 26 pontos, o
Alvinegro é o lanterna da competição – o Coritiba, com 29, é o primeiro
time fora da zona da degola. O time de General Severiano volta a campo
neste sábado, quando medirá forças com o Corinthians, na Arena Pantanal,
em Manaus.