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Crise aumenta: Bota rescinde com Sheik, Bolívar, Julio Cesar e Edilson

Jogadores chegam para treinar, mas são avisados que estão fora dos planos. Presidente afirma ainda que Mancini entregou o cargo, mas segue no comando

Por Rio de Janeiro
 


A sexta-feira do Botafogo era para ser de tranquilidade antes da viagem para Salvador, onde a equipe enfrenta o Vitória, neste sábado, às 16h20 (de Brasília). Mas o treino recreativo no campo anexo do Engenhão foi apenas um pano de fundo para uma crise muito maior. Emerson, Bolívar, Edilson e Julio Cesar, quatro dos principais jogadores e líderes do elenco, foram afastados por causa de divergências com a diretoria. Em seguida, o presidente do clube, Maurício Assumpção, anunciou a rescisão de contrato dos jogadores.

– Vinha amadurecendo a ideia e ontem (quinta-feira) comuniquei a algumas pessoas próximas que tomaria esta decisão. No fim do dia, liguei para o (gerente de futebol, Wilson) Gottardo e falei que não era uma ingerência, mas sim uma decisão que o presidente está tomando – disse Assumpção, justificando que problemas financeiras não são uma exclusividade do Alvinegro. – Nas últimas semanas tenho ouvido situações parecidas em outros clubes. Mas o Botafogo parece ser o único com coisas erradas. Estava servindo de desculpa para alguns, e alguma coisa precisava ser feita.


No pronunciamento, Assumpção disse ainda que o técnico Vagner Mancini chegou a colocar seu cargo à disposição, mas ele não aceitou. Bolívar, Julio Cesar e Edilson chegaram a ir para o campo. Depois, receberam a notícia de Gottardo e do técnico Vagner Mancini. Eles se mostraram revoltados com  gestos ríspidos: o lateral-esquerdo atirou o copo d'água no chão, e o zagueiro falou com o dedo em riste.


Edilson, que se recupera de problemas na coxa e no púbis, chegou a correr em volta do gramado. Emerson foi o último a chegar ao campo, onde ficou apenas cerca de cinco minutos. Logo voltou para o vestiário com os demais afastados.

Os jogadores demitidos não falarão à imprensa, por enquanto. A tendência é que haja uma entrevista coletiva dos quatro para falar sobre a saída. Apenas Edilson se manifestou. Em uma rede social, ele postou uma montagem de uma camiseta com a palavra "Inconformado". Na legenda, escreveu:

- “@10emerson10 #bolivar#juliocezar mesmo fora, com o pensamento positivo na vitória de amanhã, boa sorte maninhos!!!”

É neste clima que o Botafogo enfrenta o Vitória neste sábado, às 16h20, no Barradão. O Alvinegro está em 17º lugar no Brasileiro, na zona de rebaixamento, com 26 pontos.

Emerson e Bolivar, Botafogo (Foto: Fred Huber / Globoesporte.com)Emerson e Bolivar deixam o campo após aviso de afastamento (Foto: Fred Huber)

Novo capítulo de uma crise sem fim

O Botafogo convive com atraso de salários desde o início do ano, graças à penhora de todas as receitas alvinegras pela fazenda e pelo TRT. O clube foi excluído do Ato Trabalhista em 2013 e, desde então, vem lutando para ser reintegrado – no orçamento para 2014 constava premiações referentes a uma ida à decisão da Taça Libertadores, mas a equipe foi eliminada na primeira fase. Daí em diante a crise foi ficando cada vez pior.



No início de abril, logo depois da queda na competição sul-americana, a diretoria anunciou a dispensa de Bolívar, considerado líder de um movimento que fez os jogadores, em protesto pelos atrasos, não se concentrassem antes das partidas. Os jogadores se uniram e garantiram a permanência no zagueiro. Já no Campeonato Brasileiro, a equipe entrou em campo para o clássico contra o Flamengo, no Maracanã, com uma faixa em alusão aos problemas financeiras, situação que causou mal-estar na diretoria.



No fim de agosto, o lateral-direito Lucas entrou na Justiça para pedir a rescisão de seu contrato, protegido pelos três meses de salário e depósitos de FGTS atrasados, e teve o pedido atendido. Uma comissão de notáveis, formada por torcedores ilustres, mas que optaram pelo anonimato, decidiu ajudar colocando em dia os direitos de imagem. O ambiente melhorou, mas não por muito tempo. Houve novos atrasos destes mesmos valores.

Hoje o Alvinegro está às vésperas de completar três meses de salário em carteira e sete de direitos de imagem. Após a derrota para o Grêmio, semana passada, o goleiro Jefferson, capitão da equipe, reclamou publicamente do abandono da diretoria, afirmando que jogadores, comissão técnica e torcida estavam sozinhos na briga para evitar o rebaixamento à Segunda Divisão. Houve também insatisfação do elenco ao saber que Mauricio Assumpção comemorara no fim de semana seu aniversário num sítio particular, e o presidente rebateu as críticas