Em confronto de reviravoltas, Vasco vence Botafogo no futebol americano
Destaque cruzmaltino, Harrison, que também é modelo, ator e vendedor, vive glória e pânico, mas ajuda time a furar defesa montada por ex-militar dos EUA
Após perder para o Botafogo no clássico pelo Campeonato Brasileiro de
futebol, o Vasco derrotou o rival por 22 a 16, dessa vez, no Torneio
Touchdown de futebol americano. Em um jogo marcado por reviravoltas, o
quarterback (passador) cruzmaltino Harrison viveu momentos de glória e
desespero, neste sábado, no Estádio do São Cristóvão, no Rio. O jogador
de 21 anos entrou em campo logo nos primeiros minutos para substituir
Roni, que lesionou o joelho direito em um choque. Inspirado, ele
atravessou o campo e marcou um touchdown (quando um jogador cruza a
linha da end zone adversária com a posse de bola), abrindo 6 a 0. O Trem
da Bala ainda ampliou em 7 a 0, mas viu o Glorioso virar o placar em 16
a 7, em um field goal (atleta chuta a bola entre as traves), dois
touchdowns e um extra point (field goal após o touchdown).
Harrison carrega a bola, enquanto é protegido pelos companheiros do Vasco da Gama (Foto: SidelineBrasil)
O momento de pânico de Harrison veio depois de um passe errado, que
parou nas mãos de Mamede, o primeiro a marcar os seis pontos: 9 a 7. A
partir daí, só deu Botafogo, que ainda aumentou a vantagem para 16 a 7.
Rony voltou aos gramados e mandou a bola na medida para Raffael emendar
com mais um touchdown para o time cruzmaltino, que ainda converteu o
field goall. O Glorioso sentiu a pressão e seguiu em busca de mais uma
virada, mas viu os rivais marcarem outro touchdown, com Lipe (20 a 16).
Ao invés de tentar o chute livre, o Vasco arriscou uma jogada
estratégica. Correu em direção a end zone (área de dez jardas em cada
extremidade do campo, onde são marcados os pontos) e anotou mais dois
nos instantes finais, eliminando as chances de reação dos rivais.
Destaque do Vasco, Harrison também trabalha como
modelo, ator e vendedor(Foto: Ana Carolina Fontes)
modelo, ator e vendedor(Foto: Ana Carolina Fontes)
Harrison conta que foi do céu ao inferno, já que começou como heroi e
quase levou tudo a perder, quando deu de bandeja um passe para o rival
marcar o touchdown. Apaixonado pelo esporte, ele não ganha absolutamente
nada para defender as cores do time cruzmaltino, é movido apenas pela
felicidade de jogar. Além ser atleta no futebol americano nos gramados e
na praia, Harrison trabalha como modelo fotográfico, faz figuração como
ator, é vendedor de loja e ainda está se especializando em tecnologia
mecatrônica na indústria de gás e petróleo.
- O jogo hoje foi eletrizante, fui do céu ao inferno. Não ganho
dinheiro para estar aqui, mas sou completamente viciado e apaixonado
pelo futebol americano. Jogo desde os 12 anos e o meu maior sonho é
viver apenas do esporte, mas preciso trabalhar em diferentes funções
para me sustentar. Comecei a jogar na praia, passei pelo Copacabana
Eagles e hoje também defendo o Reptiles, sete vezes campeão carioca e bi
consecutivo, dos últimos 21 jogos, perdemos apenas para os Sharks -
revelou o jovem de Copacabana.
Jogadores do Vasco Patriotas comemoram a vitória sobre o Botafogo Football (Foto: Felipe Ferro)
Enquanto o Trem Bala permanece invicto no campeonato, pela conferência
Bill Walsh, o Botafogo também vem realizando uma boa campanha na George
Halas. Depois de vencer os últimos cinco jogos, caiu diante do time da
Colina, mas teve uma grande evolução no seu potencial de defesa. Tudo
isso graças ao americano Rex Erickson, militar das Forças Especiais, que
já lutou nas guerras do Iraque, da Bósnia e do Afeganistão, além de ter
participado de operações na Colômbia e em Honduras.
- Já combati em nove guerras, tatuei cada uma delas no peito. O
trabalho militar ajuda muito na hora de coordenar um time de futebol
americano, porque ambos exigem tática e disciplina. No Iraque, por
exemplo, comandei 300 soldados, estou acostumado a liderar. No esporte, a
minha forma de montar a defesa é pensando no ataque, não é um trabalho
fácil, mas está dando certo. Estou há menos de um ano no Botafogo e este
foi o primeiro jogo que perdemos desde que eu entrei - contou o
ex-comandante do exército, casado com uma brasileira e radicado no país
há dois anos.
Coordenador de defesa do Botafogo, Rex Erickson já lutou na Guerra do Iraque (Foto: Ana Carolina Fontes)
A quarta edição do torneio conta com a presença de 18 equipes em 70
partidas. Cada time enfrenta sete adversários diferentes, com as equipes
divididas em três conferências (grupos), a Walter Camp (homenagem ao
“pai do futebol americano”, jogador da Universidade de Yale desde 1876 e
criador das formações e dos sistemas táticos do esporte), a George
Halas (“pai da National Footbal League”, o fundador do Chicago Bears e
um dos idealizadores da American Professional Football Association, em
1920, que se transformou na NFL, em 1922), e a Bill Walsh (técnico que
influenciou um novo estilo de jogo levando o San Francisco 49ers à
vitórias de diversos Super Bowls). Os dois primeiros colocados de cada
conferência e os dois melhores terceiros avançam às oitavas.
Doze times que participaram do campeonato no ano passado estão de
volta: ABC Corsários, Botafogo Football, Corinthians Steamrollers,
Jaraguá Breakers, Palmeiras Locomotives, Ribeirão Preto Challengers,
Santos Tsunami, T-Rex (ex-Timbó Rhinos), Tubarões do Cerrado, Uberlândia
Lobos, Vasco da Gama Patriotas, Vila Velha Tritões, e a entrada de 6
estreantes como o Antares, Brasília V8, Campo Grande Gravediggers,
Ipatinga Tigres, Lusa Rhynos, e o Porto Alegre Bulls.
Campanha de prevenção ao câncer de mama ganha destaque
Jogador do Botafogo adere à campanha em prol da
prevenção ao câncer de mama (Foto: Patrícia Buller)
prevenção ao câncer de mama (Foto: Patrícia Buller)
A partida decisiva pela fase classificatória teve a bandeira da
solidariedade. Além da arrecadação de brinquedos e alimentos para
instituições carentes, o duelo apoiou a campanha de prevenção ao câncer
de mama “Outubro Rosa”, comum dos Estados Unidos. Os jogadores do
Botafogo entraram em campo com adereços e detalhes cor de rosa, desde
protetores buscais, a esparadrapos, cadarços, laços nos capacetes,
lenços e toalhas. O Glorioso aliou-se à Fundação Laço Rosa, criada há
dois anos com o objetivo de conscientizar a população sobre a
importância do exame preventivo e apoiar aqueles sofrem ou já conviveram
com a doença.
- Foi bom receber o apoio do Botafogo no mês dedicado à divulgação do
câncer de mama. Muitas pessoas não sabem a importância da prevenção para
a cura. Minha irmã, Aline Lopes, descobriu a doença grávida de cinco
meses, e sofreu com a falta de apoio. Ela precisou retirar a mama, teve o
filho, mas faleceu. Além de informar sobre o câncer, criamos o primeiro
banco de perucas online.
Recebemos as peças de doação e analisamos os
perfis das mulheres e doamos as perucas para aumentar a autoestima nesse
momento delicado – disse Andrea Ferreira, vice-presidente da
instituição.