Clubes não poderão participar do processo de licitação do Maracanã
Governo do Rio convoca audiência pública e apresenta edital. Contrato de concessão será de 35 anos. Investimento previsto é de R$ 469 milhões
Régis Fichtner, secretário da Casa Civil, explica
exclusão de clubes da licitação do Maracanã
(Foto: Marcelo Baltar / Globoesporte.com)
exclusão de clubes da licitação do Maracanã
(Foto: Marcelo Baltar / Globoesporte.com)
O governo do Rio de Janeiro lançou nesta segunda-feira, em evento no
Palácio Guanabara, em Laranjeiras, Zona Sul da cidade, a convocação para
audiência pública da modelagem da concessão do Maracanã, que acontecerá
no dia 8 de novembro. Esse é o primeiro passo para que, em seguida,
seja feita a divulgação oficial do edital de licitação do complexo que,
além do estádio, abrangre o ginásio do Maracanãzinho, o estádio de
atletismo Célio de Barros e o parque aquático Júlio Delamare. De acordo
com o documento, os clubes não poderão ser concessionários do "Maior do
Mundo", sozinhos ou como parceiros entre si. A exclusividade está
proibida, o que não impede a associação de agremiações esportivas e
empresas interessadas no estádio para fins lucrativos.
A intenção do governo é que todos os clubes e a Seleção possam disputar
partidas no Maracanã. A duração do contrato será de 35 anos a partir da
assinatura do vínculo. O Governo do Rio de Janeiro espera que todo
processo seja concluído até o início de 2013 e que o acordo seja firmado
com o novo concessionário logo após a disputa da Copa das
Confederações, em junho do ano que vem. O gestor terá que fazer um
investimento inicial no complexo de R$ 469 milhões
- Optamos nesse edital por proibir a participação de qualquer clube de
futebol. Não queremos que o Maracanã seja do clube A ou B. Por sua
importância, o estádio deve ser acessível para jogos de qualquer clube
do Rio, de fora do Rio ou da seleção brasileira. Não faz sentido que o
Maracanã seja um estádio de um clube. O concessionário pode negociar um
acordo com os clubes. O que não pode acontecer é um acordo de
exclusividade - explicou o secretário da Casa Civil, Régis Fichtner, que
teve ao seu lado durante o evento a secretária de Esporte e Lazer,
Márcia Lins.
Maquete do projeto do complexo do Maracanã
(Foto: Marcelo Baltar / Globoesporte.com)
(Foto: Marcelo Baltar / Globoesporte.com)
De acordo com o futuro edital, o gestor terá como compromisso a
demolição do Célio de Barros, do Julio Delamare e do Museu do Índio. No
local, o concessionário terá que construir áreas de entretenimento, um
museu do futebol e amplo estacionamento. Além disso, a empresa
responsável pela gestão se comprometerá a erguer centros esportivos de
atletismo e natação nas proximidades do Maracanã.
O Maracanãzinho também precisará sofrer alterações do novo
concessionário. O gestor terá de fazer mudanças no ginásio, que receberá
duas quadras auxiliares para aquecimento (exigência do COI para 2016) e
pequenas mudanças no acesso. A ideia e que o local seja uma arena
multiuso e possa ser usada para diversos eventos esportivos.
A empresa que assumir o complexo esportivo do Maracanã terá que pagar
cerca de R$ 7 milhões por ano ao governo do Rio de Janeiro. Durante a
Copa do Mundo e as Olimpíadas, o estádio será exclusivo dos
organizadores dos eventos (Fifa e COI). Vale lembrar também que os
valores da concessão não irão quitar os gastos com as obras de reforma
do estádio, que ficaram em torno de R$ 850 milhões.
Maracanã terá novo administrador a partir do ano que vem (Foto: Divulgação)
Durante o evento, as receitas e despesas do novo Maracanã também foram
estimadas pelo governo. Pelo estudo, o estádio vai gerar R$ 154 milhões
por ano e terá um gasto de R$ 50 milhões. A previsão é de que os
recursos investidos pelo concessionário sejam quitados em 12 anos. Com
isso, o novo gestor teria apenas lucro durante 23 anos do contrato,
gerando R$ 2,5 bilhões para a empresa.
Na última sexta-feira, durante evento no Rio Centro, o governador do
Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, disse que a expectativa é que o contrato
com a empresa vencedora da licitação seja assinado no primeiro semestre
de 2013. Segundo Cabral, logo após a Copa das Confederações, o complexo
será totalmente administrado pela iniciativa privada.
- Sugiro que várias empresas participem porque o Maracanã é um
equipamento que pode dar alta rentabilidade, menos pelo ingresso
cobrado, mas sobretudo pelos atrativos que pode oferecer como um local
de entretenimento. Pode ser que a empresa vencedora assuma antes da Copa
das Confederações, mas durante o torneio a administração tem que ser
subordinada à Fifa - explicou o governador do Rio de Janeiro, na última
sexta-feira.
Entenda o processo de criação do edital de licitação
Eike Batista é um dos interessados no processo
de licitação do Maracanã (Foto: Ag. Estado)
de licitação do Maracanã (Foto: Ag. Estado)
O processo para a criação do edital iniciou em janeiro deste ano,
quando foi publicada a Manifestação de Iniciativa Privada (MIP) para a
licitação do estádio. O objetivo era analisar a viabilidade técnica,
ambiental, econômico-financeira e jurídica dos interessados em
administrar, operar e manter o complexo do Maracanã.
O estudo respeitou algumas normas, entre elas a manutenção do direito
ao uso das atuais cadeiras perpétuas, além de construir um museu e um
estacionamento com duas mil vagas. A única empresa a apresentar proposta
de viabilidade econômica foi a IMX Holding AS, de propriedade do
empresário Eike Batista.
Analisado pela Secretaria da Casa Civil e aprovado pelo Comitê de
Parcerias Público-Privadas, o estudo da IMX será usado na licitação de
concessão. Os prazos para a conclusão do processo serão divulgados na
próxima segunda-feira.
Atualmente, o Maracanã está com 70% das obras concluídas. A previsão é
que o estádio seja entregue à Fifa e ao COL em fevereiro de 2013, quatro
meses antes da disputa da Copa das Confederações, que acontecerá de 15 a
30 de junho.