Recorde: nove equipes terminam o Brasileirão sem trocar de técnico
Dança dos treinadores foi menos intensa nesta temporada que em todos os outros campeonatos da era dos pontos corridos: 20 mudanças no total
Abel Braga comandou a conquista do tetra desde o
início (Foto: Nelson Perez/Flick Fluminense F.C.)
início (Foto: Nelson Perez/Flick Fluminense F.C.)
A velha máxima de que time que está ganhando não se mexe valeu também
para quem comandou as equipes na Série A. No Brasileirão 2012, nove
clubes terminaram a competição com o mesmo técnico que começou o
trabalho em maio, o que é um recorde na era dos pontos corridos. Até
então, o máximo de times com o mesmo comando do início ao fim havia sido
das temporadas 2008 e 2011, quando sete técnicos mantiveram o emprego.
Os times que não mexeram seguirão na Primeira Divisão em 2013. Os três
primeiros não mexeram no comando: o campeão Fluminense, de Abel Braga, o vice Atlético-MG, de Cuca, e o terceiro colocado Grêmio, de Vanderlei Luxemburgo. Entre os times que asseguraram vaga na Libertadores 2013, apenas o São Paulo mudou de técnico durante a competição. Ney Franco assumiu o cargo que foi de Emerson Leão.
O Corinthians, de Tite,
campeão da Libertadores, também não teve motivo para mudar, já que o
Brasileiro foi tratado como um grande teste para o Mundial de Clubes. O
Botafogo, de Oswaldo de Oliveira, o Santos, de Muricy Ramalho,
o Náutico, de Alexandre Gallo, e a Portuguesa, de Geninho, preferiram a
manutenção do trabalho e, mesmo sem campanhas brilhantes, todos
permaneceram na elite nacional. Por fim, o Cruzeiro até anunciou que Celso Roth
não seria mais o treinador para a próxima temporada, mas ele manteve o
emprego até a última rodada. A Raposa terminou em nono lugar geral.
Outro recorde foi o total de número de trocas que a Série A deste ano
superou a do ano passado: 20 contra 22. Quem mais fez mudanças foram
justamente os clubes que foram rebaixados ou sofreram até o fim para não
cair. O recorde ficou com o Atlético-GO, que começou com Adilson
Batista, apelou para Hélio dos Anjos, efetivou Jairo Araújo, chamou
Artur Neto para tentar o milagre e, por fim, fechou o campeonato
novamente com Jairo Araújo, agora apenas como interino. O Figueirense
teve Argel Fucks, coincidentemente também Hélio dos Anjos e Márcio
Goiano, mas também fechou a temporada comandado por um interino:
Fernando Gil. Pelo Sport, passaram Vagner Mancini, Waldemar Lemos e
Sérgio Guedes.
Dos rebaixados, só o Palmeiras fez apenas duas trocas: Felipão deu
lugar a Gilson Kleina, que seguiu no cargo até o fim. Outro clube que
mexeu muito no comando técnico, mas acabou se salvando da Série B na
última rodada foi o Bahia. Falcão, Caio Júnior e Jorginho estiveram no
comando do Tricolor em 2012.
Na Série B, só quatro clubes não trocaram de técnico
Enderson Moreira conduziu o Goiás ao acesso e ao
título da Série B (Foto: Wildes Barbosa / O Popular)
título da Série B (Foto: Wildes Barbosa / O Popular)
Se verificarmos, porém, o que aconteceu na Série B com os mesmos 20
clubes e regulamento de pontos corridos, a paciência não é a mesma. Só
quatro equipes mantiveram os treinadores do início ao fim. Curiosamente,
dois deles foram exatamente o campeão Goiás, de Enderson Moreira, e o
vice Criciúma, de Paulo Comelli. Além disso, Roberto Fernandes, no
América-RN, e Sidney Moraes, no Boa Esporte, também fecharam a
competição no cargo e as duas equipes permaneceram na Segundona.
Os outros dois clubes que voltaram à Série A viveram momentos
conturbados. No Vitória, Carpegiani mantinha o time no G-4 até a 31ª
rodada, quando foi surpreendido pela diretoria com a sua demissão.
Ricardo Silva, eterno interino do Leão, foi efetivado, mas durou apenas
três jogos. Após duas derrotas seguidas, a diretoria trouxe PC Gusmão
para a reta final, que, aos trancos e barrancos, garantiu o acesso. Já
no Atlético-PR, Juan Ramon Carrasco começou o campeonato e foi
substituído por Ricardo Drubscky. Depois de apenas dois jogos, porém,
ele foi "rebaixado" a auxiliar com a contratação de Jorginho. No
entanto, o novo comandante também não agradou e Drubscky voltou ao cargo
para levar o Furacão de volta à elite.
Apesar das confusões da Série B, a tendência pela manutenção do
trabalho parece clara pelos números da Série A. As próximas temporadas
vão mostrar se cada vez mais técnicos terão sequência no emprego ou se a
pressão interna e externa será mais forte pela quebra da continuidade.