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SporTV Repórter


Goleiro do Botafogo e da Seleção, Jefferson sonhava em marcar gols

Após infância difícil sem o pai, camisa 1 do Brasil decidiu aceitar seu talento para agarrar e investiu nas oportunidades que surgiram na carreira 

 

Por SporTV.com Rio de Janeiro



 Na arte consagrada pelos pés, ele é o único a usar as mãos. Sua função é evitar aquilo que as torcidas querem ver. No entanto, o sonho de Jefferson, goleiro do Botafogo e da seleção brasileira, era fazer gols, não impedi-los. O camisa 1 queria ser atacante e resistiu antes de aceitar seu talento para agarrar.

- Eu tenho o dom, mas no começo eu relutava contra ele porque queria ser atacante. Mas não tem como correr do seu dom - ensina.

Com uma infância difícil, Jefferson teve que aceitar a sua vocação e aproveitar as oportunidades que surgiram no futebol como goleiro. A mãe dele o criou sozinha, o pai só reapareceu quando ele já jogava no Cruzeiro.

- Graças a Deus, eu nunca passei fome, mas foi muito sofrido. Eu não tive pai. Meu pai só foi aparecer quando eu fiz o meu primeiro jogo pelo profissional pelo Cruzeiro. Ele é da Bahia, eu fui jogar lá e um rapaz da recepção disse que meu pai tinha ligado. Eu jamais tive raiva dele. É claro que não tem como esquecer tudo o que passou, eu sabia que ele batia na minha mãe quando ficava bebado, mas eu perdoei ele por tudo o que fez - conta.

Além da pobreza e da ausência do pai, o goleiro enfrentou o preconceito por ser negro.

- No Brasil hoje não se fala de preconceito, mas sabemos que existe. Uma vez um goleiro negro falou que iria torcer para mim pelo resto da vida porque sabia da dificuldade de conseguir algo na carreira.

Jefferson, goleiro da Seleção Brasileira (Foto: Rodrigo Faber / Globoesporte.com) 
Jefferson com a camisa da Seleção Brasileira em
coletiva (Foto: Rodrigo Faber / Globoesporte.com)
 
 
Ainda adolescente, Jefferson se mudou para Belo Horizonte e estreou no Cruzeiro em 2000, aos 17 anos. Dois anos depois, uma final da Copa dos Campeões, contra o Payssandu, marcou sua carreira. Ele foi acusado de falhar em dois dos quatro gols sofridos pela Raposa na derrota por 4 a 3.

- Foi muito difícil pra mim. Eu tinha 18, 19 anos, e deu tudo errado. Mas depois a gente amadurece e acaba esquecendo - lembra.

Jefferson superou os erros, se aperfeiçoou como goleiro, e pode se tornar o camisa 1 do Brasil na Copa do Mundo de 2014. Os segredos de seu sucesso são a cobrança e a dedicação.

- Eu costumo dizer que todas as bolas são defensáveis pro goleiro. Eu me cobro muito - revela.
Hoje Jefferson se esforça para ser titular da seleção brasileira e ser o pai que nunca teve. Ele faz o que pode para conciliar os compromissos de trabalho com a criação das duas filhas.

- Eu quero ser um pai presente, carinhoso. Amo muito minhas filhas e o pouco tempo que tenho eu aproveito com elas. Quero que elas cheguem na adolescência falando que tiveram um pai presente.