Botafogo aguarda súmula, e Seedorf não entende expulsão: ‘Por quê?’
Gerente classifica arbitragem como confusa e estuda que atitude tomar. Camisa 10 deixa Moça Bonita em silêncio e ovacionado pela torcida

Logo depois da vitória do Botafogo sobre o Madureira por 2 a 1, neste
domingo, foi possível ouvir pelo basculante das janelas do modesto e
exposto vestiário de Moça Bonita um questionamento em comum a todos os
jogadores, principalmente Seedorf,
que perguntou: “Por quê?”. A dúvida era por sua expulsão no fim do
jogo. Alguns companheiros tentavam decifrar o mistério e conversaram com
o jogador, mas ninguém chegou a uma conclusão. Os dirigentes alvinegros
aguardam a publicação da súmula nesta segunda-feira para saber que
atitude tomar.
- Temos que aguardar para saber o que o árbitro descobriu naquele
lance. A partir daí, vamos tomar uma atitude. Ainda não conversei com
Seedorf. Não sei se ele foi expulso, alguns dizem que o árbitro voltou
atrás. Infelizmente, foi uma arbitragem confusa. Ninguém conseguiu
entender o que se passou na cabeça do árbitro - afirmou o gerente de
futebol Anibal Rouxinol.
O assunto virou tema de conversa, dos seguranças do clube aos
jogadores. Seedorf conversou com companheiros para tentar entender o que
se passou. O meia foi o último atleta a deixar o vestiário. De boné,
gola da camisa levantada, ele bebia um suco em caixinha e engoliu a seco
a expulsão.
- Não vou falar - disse Seedorf, dando de ombros, ao ser questionado pelo assessor de imprensa se desejava se pronunciar.
Seedorf, porém, apresentava semblante tranquilo, sorriu, brincou com
algumas crianças, atendeu a dezenas de pedidos de autógrafos e fotos e,
antes de entrar no ônibus da delegação, foi o jogador mais saudado por
torcedores, que gritavam “Seedorf é nosso rei”.
O técnico Oswaldo de Oliveira explicou após a partida como estava o holandês no vestiário:
- Está muito triste, de certa forma abalado pelo que aconteceu, mas
está tranquilo. Isso com certeza vai entrar para o livro que ele vai
escrever.

Seedorf atende a pedidos de foto depois do jogo contra o Madureira (Foto: Janir Júnior)
Confusão e a sugestão de Marcelo MattosO jogo deste domingo caminhava para o fim, Seedorf já saboreava mais uma grande atuação, com um gol e passe para o outro. Foi quando surgiu a polêmica.
André Bahia já estava dentro de campo, depois de entrar no lugar de
Cidinho - era a terceira substituição do Botafogo. Mesmo depois da
alteração, Seedorf foi para a beira do campo, como se fosse ele o
substituído. Mas o árbitro Philip Georg Bennett pediu que o holandês
saísse no lado oposto, mais próximo de onde estavam. O camisa 10 não
quis. Levou o cartão amarelo. Depois de advertido, insistiu em sair pelo
lado contrário ao indicado pelo juiz. Aí recebeu outro amarelo - e o
vermelho, consequentemente.

Seedorf deixa o vestiário com semblante tranquilo
e bebendo suco: "Não vou falar" (Foto: Janir Júnior)
e bebendo suco: "Não vou falar" (Foto: Janir Júnior)
Foi a primeira expulsão de Seedorf no Botafogo e um fato raro na
carreira dele. O jogador não recebia um cartão vermelho desde a vitória
do Milan sobre o Messina por 3 a 1, no dia 22 de abril de 2006, em jogo
válido pelo Campeonato Italiano. Na ocasião, ele também foi expulso nos
acréscimos do segundo tempo, aos 46 minutos, depois de discussão com o
zagueiro Aronica, do Messina, que havia feito falta dura em Cafu. O
holandês e o italiano chegaram a colocar a mão no rosto um do outro, sem
violência, e o árbitro Pieri di Lucca decidiu expulsar ambos.
Depois da partida, Marcelo Mattos chegou a dar uma sugestão:
- Perdemos um grande jogador, que nos ajuda bastante. Se ele (árbitro)
voltou atrás no pênalti, deveria voltar atrás na expulsão também.
Acabamos não entendendo – disse o jogador, em referência ao lance do
primeiro tempo, quando o árbitro marcou um pênalti e depois voltou
atrás.
Oswaldo busca substituto para camisa 10
O Botafogo se reapresenta às 15h desta segunda-feira, no Engenhão.
Oswaldo de Oliveira começará a decidir sobre o substituto de Seedorf
para o jogo contra o Friburguense, quinta-feira, no Engenhão.
- Temos alguns dias, estamos tranquilos, vamos trabalhar. O Botafogo não é formado apenas por 11 camisas - afirmou o treinador.