Em entrevista ao LANCENET!, volante, agora no Corinthians, abre o coração e analisa os quase cinco anos no Glorioso
Mesmo no Corinthians, Túlio não esquece o Botafogo
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(Crédito: Paulo Sérgio)
André Casado RIO DE JANEIRO Entre em contato
Danilo Santos RIO DE JANEIRO Entre em contato
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Poucos jogadores são como ele. Dono de identificação invejável com o Botafogo, símbolo da torcida em campo, como o próprio escolheu se definir, e crítico ferrenho das injustiças no futebol e no Brasil em geral. Com exclusividade, o LANCENET! entrevistou Túlio, de férias em Brasília, e que defenderá o Corinthians nas próximas duas temporadas, depois de quase cinco anos em General Severiano, divididos em duas passagens.
Diante do novo desafio, o volante lembrou das condições precárias de seu início no clube carioca, defendeu Bebeto de Freitas, disparou contra a Polícia Militar, e agradeceu o carinho da torcida do Fogão, a qual classificou como "a mais maravilhosa".
ADEUS AO CLUBE
No Botafogo, o ano de 2007 já havia sido muito desgastante. Tínhamos o melhor time do país e não conseguimos conquistar títulos. A cobrança foi grande e com razão. Poderíamos levar o Carioca e até mesmo o Brasileiro. Por tudo o que aconteceu na Copa do Brasil, também não deu. Depois veio o episódio contra o River Plate. Achei que 2008 poderia ser o ano da virada. Poderíamos ter aprendido com os erros e arrebentado. Só que os problemas repetidos sugaram minhas energias. Se continuasse no clube, seria ruim para todos. Achei melhor ser franco com a diretoria e sair numa boa, deixando as portas abertas. De qualquer maneira, o carinho pelo Botafogo segue imenso.
AMOR ARRANHADO?
"Continuo na torcida, para sempre serei botafoguense. Até hoje, foi o que aconteceu de mais importante na minha carreira. A identificação é muito grande, não há como negar. Escutei críticas em relação à minha saída, mas acho natural. O importante é que a resposta da torcida foi positiva. Com dirigente, não saí com mágoa de nenhum. No episódio da minha expulsão na Argentina, contra o Estudiantes, Montenegro me criticou, fiquei ofendido, mas depois conversei com ele e fiz questão de esclarecer tudo. Tinha meios de sair do clube de outra maneira, pela Justiça, por exemplo. Mas não faria isso. Agradeço demais ao Botafogo. Até abri mão de valores que teria direito a receber. Ninguém tem motivo para falar mal de mim, e muito menos eu do clube."
INÍCIO EM 2003
"Nos dois primeiros meses de clube, cheguei a pedir para ir embora. Não acreditava no que estava acontecendo. Até o Bebeto, que estava assumindo, mostrava-se muito preocupado com o abandono do clube. No dia em que cheguei, os computadores tinham sido roubado com todos os dados da administração anterior. Isso assusta qualquer um. Além disso, as condições de treinamento eram péssimas. Em General Severiano não era possível ter atividades. Às vezes, tínhamos de pingar em campos alugados, como o CFZ, para trabalharmos. Arrumar o Caio Martins demorou uns três meses. E foi o Bebeto quem, aos poucos, organizou tudo. Fez do Caio Martins um bom local de treinamentos, e a sede de General, hoje, pode ser comparada com a de outros grandes clubes. Há a academia, as piscinas, a concentração, parte de fisioterapia, tudo de ótimo nível. E o Engenhão nem se fala, foi a melhor coisa que aconteceu para o clube."
IDENTIFICAÇÃO COM A TORCIDA
"Acho que por ter ido para o Botafogo numa Série B, e com todas as dificuldades, a torcida se apegou mais aos jogadores que demonstraram muita vontade. O sistema de disputa naquela época, aliás, era injusto, sofremos muito. Minha identificação começou nessa época. A partir daí, foi uma escadinha, e eu participei de tudo dentro do clube, sempre dando minha opinião. Só tenho a agradecer à torcida do Botafogo, que cobrava, mas sempre com muito respeito. A decisão de sair foi muito difícil, por conta dela, principalmente.
MENSAGEM PARA O MAURÍCIO
"Acredito muito que a nova diretoria vá fazer um bom trabalho. Quem entra sempre está com ânimo e disposição maiores. Bebeto saiu esgotado, pois tudo que podia ele fez. Falhas? É claro que houve, mas o saldo foi muito positivo. Maurício pegará o clube de uma forma melhor, da estrutura ao respeito. Conversei com o André (Silva), ele queria muito que eu ficasse, mas pude perceber que a idéia para 2009 é boa, a de formar um grupo homogêneo, com padrão, teto salarial estipulado. Acho que o Botafogo tem tudo para crescer com a entrada desse novo pessoal, manter-se competitivo como os clubes de São Paulo. Quem sabe já iniciam o trabalho com um título? No Estadual, vou torcer."