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Na despedida, Bebeto de Freitas avisa: 'Botafogo é passado'

Dirigente, que será o homem-forte do futebol do Atlético-MG, faz balanço dos seis anos à frente do seu clube de coração

Gustavo Rotstein
Rio de Janeiro




Bebeto de Freitas passou os últimos seis anos conciliando a vida de torcedor com a de presidente do Botafogo. Para isso, deixou de lado a sua carreira profissional, que será retomada a partir de segunda-feira, quando será oficialmente apresentado como comandante do futebol do Atlético-MG, clube no qual trabalhou em 1999 e 2001. Na sua despedida do Alvinegro carioca, ele recordou os bons e maus momentos, fez projeções, mas deixou claro: não fala mais sobre o Botafogo a partir de agora.

Arrependimentos

Quando comecei no vôlei, um treinador me dizia que o esporte é um jogo, e por isso é preciso arriscar para melhorar. Não se pode ter arrependimento de algo que não foi feito, porque se houver o erro, não se faz de novo.

Pessoas que ajudaram

Em 2003, quando assumi, o clube estava sem possibilidade de andar. Saímos cedo do Campeonato Carioca e, por isso, tivemos um mês para treinarmos para a Série B. O Zico, que é ídolo do nosso maior adversário, emprestou ao Botafogo as instalações do seu clube. Ficamos hospedados num hotel no Recreio dos Bandeirantes e íamos de táxi aos treinos, mas sem dinheiro para pagar o transporte. O Valdo chegou a comprar água para os treinos. Sem o Levir Culpi também não teríamos conseguido chegar até aqui. Também tivemos outros jogadores importantes, como o Túlio, que vestiu a camisa. Foram poucas pessoas que ajudaram, mas que contribuíram em grande quantidade.

Tristeza?

Triste seria se o Botafogo tivesse de fechar as portas. Foi o clube que mais cresceu nos últimos seis anos e está preparado para continuar crescendo. Se tiver outros seis anos assim, será ainda melhor. Este clube sempre foi o complemento da minha família e da minha casa.


Futuro profissional


Volto a ser o que era antes. Sempre fui profissional e muito exigente em relação a isso. No Botafogo, o profissionalismo também valeu, mas se não fosse a paixão, teria dado um tiro na cabeça. Tive muita dedicação durante esses seis anos, e espero que isso fique claro. Todos sabem da minha paixão pelo clube, mas a partir de segunda-feira, o Botafogo é passado. Hoje é o último dia que falo sobre o Botafogo, não tenho mais motivos para abordar esse assunto.

Pior momento no Botafogo

Na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2004, o Botafogo jogava contra o Atlético-PR na Arena da Baixada e estava na Segunda Divisão aos 38 minutos do segundo tempo. Logo em seguida não estava mais, e assim ficou até o fim do jogo, que terminou 1 a 1. Acho que isso aconteceu porque alguém olhou por nós, porque clube ainda mostrava uma fraqueza grande. Lembro que aos 39 minutos, o Washington acertou uma cabeçada na trave.

Legado

Nesses seis anos, o Botafogo deixou de ser uma crônica e passou a trazer coisas importantes para o Rio. Houve pessoas que ajudaram muito para que isso acontecesse, e agora o clube tem tudo para continuar crescendo. No fim deste ano vencem todos os contratos relacionados ao Engenhão, e a nova diretoria poderá negociá-los.

Volta à presidência do Botafogo?

O Botafogo faz parte da minha família, da minha vida. Como presidente, já fiz o que podia. Abandonei minha vida profissional e familiar. Agora, preciso voltar a trabalhar.

Salários atrasados

Resolvemos essa questão em relação aos funcionários, mas não dos jogadores. Esse é um tema de discussão para a nova diretoria. Poderíamos fazer valer alguns contratos para ter recursos, mas não conseguimos.