Botafogo pressiona e vence, mas Palmeiras se classifica no sufoco
Alvinegro faz 3 a 1, tem 15 minutos de muita pressão no final, mas é o Verdão que avança na Copa Sul-Americana graças a gol fora de casa
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estatísticacruzamentosPrecisando de mais um gol, o Botafogo abusou das bolas aéreas no fim do jogo - foram 26 no total. A maioria delas foi neutralizada pelo Verdão.
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lance capital42 do 1º tempoPatrik recebe lindo passe de Barcos e chuta cruzado, sem chances para Jefferson. O gol marcado no Engenhão dá a vaga ao Palmeiras.
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deu certoferrolhoA enorme pressão do Botafogo fez Felipão colocar Thiago Heleno. Com três defensores, o Verdão conseguiu neutralizar o rival e impedir a reação.
O Botafogo lutou, pressionou, venceu, mas não levou a vaga na segunda
fase da Copa Sul-Americana. Com um golzinho que fez toda a diferença, o
Palmeiras se classificou mesmo perdendo por 3 a 1 nesta quarta-feira, no
Engenhão, pelo jogo de volta da primeira fase da competição
internacional. Mesmo com toda a pressão, o Verdão se classificou graças à
vitória por 2 a 0 na partida de ida e o gol marcado fora de casa –
critério de desempate no torneio. O time de Luiz Felipe Scolari aguarda o
vencedor do confronto entre Guarani, do Paraguai, e Millonarios, da
Colômbia, que farão o primeiro jogo no dia 30 e o segundo, em 19 de
setembro.
Emoção não faltou na partida, que merecia público bem maior no Rio de
Janeiro – apenas 2.434 pagantes compareceram ao Engenhão. O Botafogo
abriu o placar com Seedorf (após receber passe de Lucas, impedido),
sofreu o empate com Patrik, marcou dois gols no segundo tempo e fez 15
minutos insanos no fim. Pressão total, bolas choradas, finalização na
trave. Sem sucesso.
Cheio de desfalques, o Verdão continua sua maratona entre Sul-Americana
e Campeonato Brasileiro, buscando alternativas para se virar. Nesta
quarta, a classificação heroica veio com 12 desfalques e apenas cinco
jogadores no banco de reservas. O Botafogo, por outro lado, foca no
Brasileirão para buscar uma vaga na Libertadores.
As duas equipes terão clássicos no fim de semana, válidos pela última
rodada do primeiro turno do Campeonato Brasileiro. O Palmeiras recebe o
Santos no sábado, às 18h30m (horário de Brasília), no Pacaembu. O
Botafogo enfrenta o Flamengo no domingo, às 16h, no Engenhão.

Obina, do Palmeiras, protege a bola de Fabio Ferreira, do Botafogo (Foto: EFE)
A torcida do Botafogo não parecia acreditar tanto na virada. O Engenhão
vazio facilitou a vida do Palmeiras, que, sem pressão, fez o que dele
se esperava: segurou o jogo de forma inteligente, o máximo que pôde. Com
Brinner na zaga ao lado de Antônio Carlos e Fábio Ferreira, o técnico
Oswaldo de Oliveira queria ter mais altura nas bolas aéreas e, na mesma
tacada, liberar os laterais Lucas e Lima para o ataque. O problema é que
Juninho e Patrik caíram nas costas dos alas, impedindo qualquer avanço.
Com oito desfalques por lesões e apenas quatro jogadores de linha no
banco de reservas (mais o goleiro), Felipão quebrou a cabeça e teve de
armar um time mais conservador e trancado na defesa. Pela direita, o
zagueiro Román fez a função de lateral, ajudado por João Vitor. E com o
Botafogo insistindo nas jogadas pelo meio, a marcação se encaixou
rapidamente. Nem mesmo Seedorf escapou. Sempre vigiado, o holandês
apareceu em duas faltas cometidas – uma em João Vitor, outra em Barcos.

Patrik, mesmo marcado por Andrezinho, faz o gol
do Palmeiras (Foto: Agência EFE)
do Palmeiras (Foto: Agência EFE)
O time alvinegro trocou, trocou e trocou mais passes, mas sem levar
perigo ao goleiro Bruno. Do outro lado, o carrasco Barcos começou a
gostar do jogo. Com quatro gols em dois jogos contra o Botafogo, o
Pirata se sentiu em casa no Engenhão e se deu ao luxo de tentar mais um
golaço. Com Jefferson adiantado, o atacante tentou uma bomba da
intermediária e a bola passou muito perto da trave esquerda do goleiro.
Ao lado de Obina, Barcos prendeu os três zagueiros na defesa e impediu
uma pressão maior do rival.
Mesmo naquele ritmo meio travado, meio receoso, o Botafogo conseguiu
abrir o placar em um apagão geral - da defesa palmeirense e do árbitro
auxiliar Márcio Eustáquio Santiago. Aos 34 minutos, Lucas recebeu
sozinho na entrada na área, em posição de impedimento, e rolou para
Seedorf empurrar para o gol, sem goleiro: 1 a 0 Botafogo. A reclamação
alviverde contrastou com a esperança alvinegra, renovada graças ao
craque holandês.
No primeiro tempo, a posse de bola foi quase toda botafoguense: 62% a
38%. Mas a empolgação na busca pelo segundo gol custou caro ao time da
casa. Em dois contra-ataques, um “quase golaço” e o empate palmeirense.
De bicicleta, Obina exigiu defesaça de Jefferson. Na sequência, Barcos,
de novo, decidiu. Autor dos últimos sete gols do Verdão, desta vez ele
foi garçom. Aos 43, com um passe que tirou três marcadores da jogada, o
Pirata deixou Patrik na boa para marcar: 1 a 1. E o botafoguense, antes
empolgado, repetiu o script de outros jogos e pediu a saída de Oswaldo
de Oliveira.
Reação insuficiente
Precisando de três gols e com 45 minutos pela frente, o Botafogo voltou
ligado, sem deixar o Palmeiras respirar. Lodeiro deu maior movimentação
ao meio-campo, confundindo a já cansada defesa do rival. Seedorf
conseguiu encontrar mais espaços. Deixar o holandês livre para criar
chega a ser loucura. Na primeira chance que teve, deu passe perfeito
para Renato, que avançou sem ser incomodado e tocou na saída de Bruno: 2
a 1 Botafogo, aos 11 minutos.

Renato avança e faz o segundo gol do Botafogo no Engenhão (Foto: Agência EFE)
A pressão aumentou, e Oswaldo lançou o garoto Cidinho, habilidoso e
veloz. Lodeiro foi para a lateral esquerda, e o Alvinegro só atacou.
Teve bola pipocando na área sem ninguém chegar, bola na cabeça de Fábio
Ferreira, e bola na trave acertada por Elkeson, que atuou como
centroavante após a saída de Rafael Marques. Felipão tirou os cansados
Obina e Román, colocou os renovados Betinho e Luiz Gustavo.
As modificações não surtiram efeito, os espaços só aumentaram, e o
terceiro gol saiu com naturalidade. Parecia que o Botafogo tinha
jogadores a mais em campo. Lodeiro, por exemplo, se multiplicou. Aos 27,
fez lançamento preciso da esquerda para a direita, e enquanto Lucas se
ajeitava para cruzar rasteiro, o uruguaio avançava como um raio pelo
meio. Ele só foi visto na pequena área, tocando de leve na bola e
tirando de Bruno: 3 a 1.
Primeiro gol de Lodeiro com a camisa alvinegra.
Os botafoguenses se multiplicaram também nas arquibancadas. As músicas
que ecoavam pelo Engenhão serviram de injeção de ânimo para o time, que
pressionou de todo jeito, e até com consciência, tocando a bola e
buscando mais espaços. A melhor chance, porém, foi no contra-ataque
alviverde, em lindo passe de Betinho para Barcos, que chutou para fora.
Lá atrás, o ferrolho de Felipão conseguiu segurar o rival. Travou
Cidinho, impediu cabeçada de Elkeson, deu chutão e tudo.
A vitória é do
Botafogo, mas a vaga é alviverde, na raça e no sufoco.
Lodeiro fez o terceiro do Botafogo, mas foi insuficiente (Foto: Agência EFE)