Cruzeiro supera 2003, e Náutico pode ter recorde na era dos pontos corridos
Botafogo tenta superar trauma de 2007 para conseguir se manter no G-4 e ainda almejar algo mais. Líder tem o terceiro melhor aproveitamento
Torcida celeste no Mineirão tem feito a diferença pela
liderança (Foto: Washington Alves / Vipcomm)
liderança (Foto: Washington Alves / Vipcomm)
O primeiro turno do Campeonato Brasileiro se encerrou com um líder
indiscutível. A campanha do Cruzeiro fala por si só: 40 pontos, 70,2% de
aproveitamento, com direito a 12 vitórias, quatro empates e apenas três
derrotas, sem contar a invencibilidade no Mineirão. A torcida celeste
está esbanjando confiança e tem razão, já que os números, desde que a
competição é disputada em pontos corridos, reforçam o otimismo. Nos dez
campeonatos anteriores, 70% dos campeões de turno levantaram a taça no
fim do returno. No entanto, o sinal de alerta não pode ser apagado,
especialmente porque as duas melhores campanhas na primeira metade do
torneio - Atlético-MG, em 2012, e Grêmio, em 2008 - não garantiram a
festa de alvinegros e tricolores. A terceira melhor é justamente a da
Raposa em 2013.
Se o Cruzeiro se basear no retrospecto histórico para ver a conquista
mais próxima, é nele mesmo que os seus perseguidores têm que pensar para
entender que o líder pode ser desbancado. A vantagem celeste é de
quatro pontos para o segundo colocado Botafogo, metade da diferença que
Flamengo, em 2009, e São Paulo, em 2008, tiveram que tirar para encher
ainda mais as suas já lotadas salas de troféus. Além do Alvinegro
carioca, Grêmio e Atlético-PR, seis atrás, também não precisam se
considerar fora da briga. Do Corinthians para baixo, seria uma inédita
recuperação em termos de pontos. Voltando a 2009, porém, o Rubro-negro
carioca era apenas o sétimo colocado na virada do turno, o que dá
esperança a ainda mais equipes.
Esta não é a primeira vez que a Raposa fecha o primeiro turno na
liderança e, em sua outra experiência em 2003, o título foi confirmado. A
vantagem para o Santos, que estava na vice-liderança, era ainda menor -
de três pontos -, assim como o aproveitamento, que foi de 68,1%. Vale
lembrar ainda que, no primeiro campeonato da era dos pontos corridos, 24
equipes estavam na disputa e, com muito mais jogos, o risco de perder a
ponta há dez anos era bem maior.
Os integrantes do G-4 também tem dado favorável, pois 65% deles no
primeiro turno conseguem se manter nessas posições, o que garante vaga
na Taça Libertadores da América do ano seguinte. Para chegar à principal
competição sul-americana, o percentual é maior ainda, pois 77,5% dos
que estão entre os quatro primeiros na metade do caminho chegam lá,
afinal muitas vezes o atual campeão continental e da Copa do Brasil
abrem vagas para o quinto e o sexto se classificarem.
Quando analisamos o histórico dos atuais membros do G-4, o Botafogo é o
único que precisa quebrar um tabu. Em 2007, o time carioca terminou o
turno coincidentemente na vice-liderança, mas caiu muito de produção e
acabou em nono lugar na classificação geral. Para o Atlético-PR, a
posição é inédita. Cruzeiro, três vezes, e Grêmio, duas, sempre que
estiveram entre os quatro ao fim do turno, foram à Libertadores. A
Raposa, em 2007, até saiu do G-4 no fim, mas a quinta colocação
assegurou a vaga.
Nada parece dar certo para o Náutico no Brasileirão 2013. E os números
devem deixar a sua torcida ainda mais preocupada. Em primeiro lugar,
desde 2006 com 20 clubes no campeonato, o lanterna do turno nunca se
safou. A missão do Timbu fica ainda mais complicada quando observamos o
aproveitamento de apenas 16,7% dos pontos disputados. Os pernambucanos
até têm uma partida a menos, mas só uma vitória no jogo adiado contra o
Santos, na Vila Belmiro, impede que a campanha entre para a história
como a pior de todos os tempos na era dos pontos corridos. Se empatar,
iguala os 17,5% do América-RN de 2007 e, se perder, fica com 15,8% de
aproveitamento.
Em números gerais da era dos pontos corridos, 38 times acabaram o turno
no Z-4 (ou Z-2 em 2003) e 20, ou 53%, acabaram mesmo sendo rebaixados.
Desconsiderando os três primeiros anos e contando apenas a competição
com 20 participantes, o percentual de queda sobe para 64% (18 em 28). O
que significa que, se a média se mantiver neste ano, pelo menos três
entre Portuguesa, São Paulo, Ponte Preta e Náutico estarão disputando a
Segundona em 2014.