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Em reafirmação, Mago volta ao palco da estreia de gala: 'Vou me emocionar'

Meia fez os gols da vitória sobre o Boavista, há 3 anos, em jogo que marcou início do presidente. Depois, venda e lesão grave o afastaram de Saquarema

 

Por André Casado e Thales Soares Rio de Janeiro

 

Como alguns no futebol, o roteiro parecia escrito para o cinema. Com toques dramáticos e polêmicos, o Botafogo conquistou uma suada vitória sobre o Boavista, na estreia do Campeonato Carioca de 2009, fora de casa, dia 24 de janeiro. O ano era especial porque marcava o início de uma gestão nova, que assumia o futebol prometendo ideias e atitudes novas em relação à anterior. Mas, ainda assim, o cenário não estava completo. Contestado e com a "sombra" de Lucio Flavio em sua cola, como o mesmo define, Maicosuel queria calar os críticos, e o fez, resolvendo o jogo. Agora, depois de deixar o clube, voltar e sofrer uma lesão gravíssima - que quase o fez parar de jogar -, enfim, marca encontro com o palco da estreia de gala, domingo, sob a promessa de muita emoção.

Saquarema e o Alvinegro já têm uma relação estreita, mas em termos de pré ou intertemporada e concentração para os jogos o camisa 7 jamais passou perto do litoral outra vez. Desde então, portanto, não pôde rever o gramado do estádio Eucyr Resende ao vivo, no qual vai ser realizado o primeiro, e talvez único, jogo-treino do time de Oswaldo de Oliveira e toda a reta final da pré-temporada deste ano.

- Sempre lembro com carinho daquele dia, foi inesquecível por ter sido minha estreia com a camisa 10 do Botafogo. E até porque só se falava de Lucio Flavio, e eu tinha que substituí-lo. Muita gente duvidava, a responsabilidade era grande sobre mim, e a vitória vinda daquele jeito serviu para calar a boca dos críticos. O status de ídolo da torcida começou lá. E ainda contribuí[ para a história do presidente (Mauricio Assumpção) - ressaltou o meia, chamado de "monstro" pelo mandatário logo após o jogo, que lhe ajudou a render o apelido de Magosuel, ou só Mago, antes mesmo do fim daquela Taça Guanabara.

maicosuel  botafogo (Foto: André Casado / GLOBOESPORTE.COM) 

Turbilhão: Maicosuel relembra estreia e drama e se emociona (Foto: André Casado / GLOBOESPORTE.COM)
Aliviado com o gol nos acréscimos, de cabeça, Assumpção detalhou o que sentiu naquela tarde.

- O clima no vestiário era bom, e lembro de tê-lo visto concentrado, mais quieto. Eu não queria ser chamado de pé-frio e apostei minhas fichas no Maicosuel. Nós insistimos para trazê-lo em um negócio difícil quando ele vinha de más passagens por Cruzeiro e Palmeiras. Foi talvez o maior acerto da minha gestão. E depois só tenho a agradecer aos investidores que o trouxeram para cá de volta - revelou.

O destino atrasou a data que está chegando, já projetada com um sorriso no rosto e muita nostalgia. Segundo o craque, a tendência é dar sorte para uma temporada em que ele precisa de reafirmação, semelhante àquela ocasião, só em escala menor.

- Vai ser um reencontro bacana, já estou ansioso. Aquele campo marcou muito a carreira. Ainda mais eu que sou emotivo demais (risos). Vou me emocionar, sei que não vai ser fácil. E vai ser importante ficarmos mais lá, pegando aquela energia. É minha pré-temporada desde 2009, o físico é o meu combustível. Dá até para enjoar do campo de tanto que vamos usá-lo (risos). É bom adquirir ritmo nesse jogo-treino contra o Boavista e, se tudo correr bem, tenho certeza de que vai ser um sinal para que o ano se encaminhe como queremos para o Botafogo, com títulos que ainda não conquistei - cita o Mago, que estava no Hoffenheim-ALE no Carioca 2010.

Menos peso, mais maturidade

marcas da cirurgia no joelho de Maicosuel (Foto: André Casado / Globoesporte.com) 

Cicatrizes no joelho: marca da superação do Mago
(Foto: André Casado / Globoesporte.com)
Hoje, Maicosuel tem outra cabeça, entende melhor o jogo dentro e fora de campo, mas a categoria e o fôlego permanecem, garante, e ele está louco para ficar a ponto de bala a partir do dia 22, contra o Resende, no Engenhão. Ainda que siga se cobrando muito, a situação é outra. Com jogadores que chamam a responsabilidade a seu lado, não precisa ser a estrela da companhia como em grande parte do tempo de sua primeira passagem por General Severiano. Fato que o desgastou muito.

- A cada ano que passa, o sentimento muda, você vai ficando experiente. Em 2009, eu chamava muito a responsabilida mesmo, meu estilo é esse. Toda bola eu queria pegar. Agora temos várias opções para ajudar nisso, como o Elkeson, o Loco, além do Renato, Antônio Carlos mais atrás, depois ainda teremos o Jobson. E com a lesão que tive, foi preciso me adaptar, saber fazer outras funções, senão o corpo não aguenta - afirmou, consciente, o jogador de 25 anos.

Entre setembro de 2010 e maio de 2010, a história de Maicosuel por pouco não foi interrompida de vez. No Botafogo e em qualquer outro clube. Repatriado por R$ 9 milhões, tornou-se o investimento alvinegro mais poderoso da história, mas rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo num clássico contra o Vasco e teve a carreira ameaçada. Segundo ele, por tudo o que envolveu o momento, o duelo com o Boavista apenas não foi mais inesquecível que sua volta, diante do Friburguense, em amistoso que também decidiu, com um belo gol.

Vai ser um reencontro bacana, já estou ansioso. Aquele campo marcou muito a carreira. Calei a boca dos críticos na estreia do presidente também. Ainda mais eu que sou emotivo demais (risos). Sei que não vai ser fácil."
Maicosuel
- Foi o mais importante da minha carreira. Os gols da estreia só perdem para aquele, que teve um significado enorme. Só consegui ajoelhar e agradecer a Deus, chorando muito, por ter voltado a jogar, e em perfeitas condições, no mesmo nível. Todos que acreditaram em mim estavam naquele desabafo... Os médicos diziam que, de tão grave que era o problema, se eu voltasse algum dia, demoraria pelo menos de um ano a um ano e meio. E graças à fisioterapia, reduzimos para oito meses. Trabalhei em três períodos e só tinha um objetivo na cabeça - recorda-se.

Na hora da pior notícia, com a mão estendida estavam, novamente, Mauricio Assumpção e o vice de futebol, André Silva, a quem também ganhou afeição de um pai ao longo dos anos. A tentativa de amenizar a dor causou efeito duradouro.

- Eles sempre estiveram comigo, no exame e na cirurgia, por isso a gratidão ao Botafogo, à torcida e a eles pessoalmente. Disseram para eu não baixar a cabeça, ninguém ia me deixar de lado e que eu ia voltar ainda melhor. Foi bom ter ouvido isso, nos aproximamos ainda mais. Até hoje fazem diferença aquelas palavras - conta Maicosuel, olhando para a cicatriz deixada pela cirurgia no joelho esquerdo, a única marca do pesadelo.

- Não sinto mais nada, perdi massa, mas recuperei e as duas pernas já igualaram.

Senha para que esta temporada repita 2009. É só o que esperam os alvinegros.

maicosuel botafogo gol boavista 24/01/2009 (Foto: André Durão / Globoesporte.com) 

Maicosuel comemora um dos gols contra o Boavista, em 2009 (Foto: André Durão / Globoesporte.com)